Impacto da Epidemia de HIV/Aids nas Pesquisas sobre Homossexualidade e Envelhecimento: Uma Análise Aprofundada

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Homossexualidade e Envelhecimento: Um Estudo sobre AIDS e Biogerontologia

A representação da homossexualidade nas ciências que estudam o envelhecimento humano, especialmente na biogerontologia, foi explorada no livro AIDS e Envelhecimento Homossexual – Representações Gerontológicas e a Linguagem da Patologia, publicado pela Editora da Universidade Federal de São Carlos (EdUFSCar). Essa obra, escrita por João Paulo Ferreira da Silva Gugliotti, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), analisa sociologicamente o impacto da epidemia de HIV/Aids nos estudos biogerontológicos desde a década de 1980.

A Evolução da Representação da Homossexualidade

Gugliotti destaca que a representação da homossexualidade na biogerontologia evoluiu ao longo dos anos. O livro examina como a percepção da homossexualidade mudou, passando de um entendimento psiquiátrico – que a rotulava como doença até 1974, quando foi retirada da Classificação Internacional de Doenças (CID) – para uma abordagem epidemiológica focada no risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Este deslocamento é crucial para entender como o estigma associado à homossexualidade se transformou nas produções científicas, migrando do paradigma de doença mental para a discussão sobre HIV/Aids.

Análise Baseada em Pesquisas Rigrosas

As conclusões do autor foram embasadas em estudos apoiados pela FAPESP, realizados em diversas regiões, incluindo o Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Essa pesquisa revelou que a biogerontologia, ao adotar discussões sobre a homossexualidade nos anos 1980, seguiu uma tendência da epidemiologia que patologizava homens homossexuais e outros grupos vulneráveis, como mulheres lésbicas, bissexuais, comunidades não brancas, imigrantes, profissionais do sexo e usuários de drogas.

O Papel do Ativismo na Epidemia de AIDS

Além das análises científicas, o livro também aborda o ativismo promovido pelo grupo "Mães de Pacientes com Aids", criado em Nova York em 1986. Gugliotti discute a complexa relação entre a falta de políticas de saúde, dilemas éticos da epidemia, o papel da gerontologia social e a mobilização de grupos civis organizados no cuidado das pessoas afetadas. A obra enfatiza como as classificações estigmatizantes influenciam a percepção social da epidemia.

Detalhes da Publicação

Com 346 páginas, AIDS e Envelhecimento Homossexual é uma leitura essencial para quem busca entender a interseção entre homossexualidade, envelhecimento e saúde pública. O livro pode ser adquirido diretamente pelo site da EdUFSCar.

Para mais informações sobre biogerontologia e a representação da homossexualidade na ciência, experimente explorar a intersecção entre saúde pública e direitos humanos, com foco na experiência e desafios enfrentados por grupos vulneráveis.

Informações da Agência FAPESP

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