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Pesquisa Identifica Proteína Fundamental na Progressão do Glioblastoma, um Tipo de Tumor Cerebral

4 Min

Glioblastoma: Desafios e Novas Abordagens Terapêuticas

O glioblastoma (GBM) é uma das formas mais agressivas de câncer cerebral, representando um grande desafio para a medicina devido à sua alta letalidade e dificuldade de tratamento. No Brasil, estima-se que entre 10 mil e 12 mil novos casos sejam diagnosticados anualmente. Esta condição representa quase 49% dos tumores cerebrais, com uma taxa de sobrevida extremamente baixa, onde a maioria dos pacientes vive cerca de 12 meses após o diagnóstico.

Desafios no Tratamento do Glioblastoma

O tratamento convencional do glioblastoma envolve a remoção cirúrgica do tumor, seguida de quimioterapia e radioterapia. O principal medicamento utilizado é a temozolomida (TMZ), um quimioterápico que, apesar de ser aprovado no final dos anos 1990, não consegue eliminar completamente a doença. Após um período de remissão, o glioblastoma geralmente retorna de maneira mais agressiva e invasiva.

Investigação da Proteína Príon

Diante desse cenário, um grupo de pesquisa, liderado pela professora Marilene Hohmuth Lopes, do Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), decidiu investigar o papel das células tumorais que persistem no tecido cerebral após a terapia. O estudo, apoiado pela FAPESP e publicado na revista BMC Cancer, revelou que a proteína príon é fundamental na biologia do glioblastoma.

Função da Proteína Príon

A proteína príon, presente na superfície das células e envolvida em funções vitais do sistema nervoso central, tem uma relação complexa com o glioblastoma. Estudos mostraram que essa proteína está elevadamente expressa em tumores agressivos, levando os pesquisadores a explorar sua influência nas células-tronco do tumor, que são responsáveis pela recidiva do câncer.

Edição Genética e Potencial Terapêutico

Utilizando tecnologia CRISPR-Cas9, a equipe editou o genoma das células-tronco de glioblastoma para bloquear a produção da proteína príon, provocando uma alteração no funcionamento celular, que resultou em uma diminuição significativa na invasão e proliferação das células tumorais. Esses achados sugerem que a proteína príon pode ser um alvo terapêutico promissor.

Os pesquisadores continuam investigando a interação entre a proteína príon e a CD44, um conhecido marcador de células-tronco tumorais, que está associado à invasão em diversos cânceres. A descoberta de que a proteína príon pode criar plataformas multiproteicas para sinalização celular fortalece sua posição como um potencial alvo para o desenvolvimento de novas terapias.

Futuro das Pesquisas sobre Glioblastoma

Embora os resultados sejam promissores, ainda não há previsão de quando essas descobertas irão se traduzir em tratamentos clínicos aplicáveis. O foco permanece na compreensão dos mecanismos biológicos subjacentes e na identificação de como a proteína príon regula genes importantes na biologia tumoral, com vistas a futuras terapias inovadoras.

Para mais detalhes, o artigo "Prion protein regulates invasiveness in glioblastoma stem cells" pode ser acessado aqui.

Conclusão

O glioblastoma continua a ser um dos tipos mais desafiadores de câncer cerebral, e a pesquisa em andamento sobre a função da proteína príon oferece esperança para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas. O avanço nesta área é essencial para melhorar as taxas de sobrevivência e qualidade de vida dos pacientes afetados por essa doença devastadora.

Informações da Agência FAPESP

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