Impacto dos Compostos Bioativos de Vegetais na Saúde: Estudos Revelam Benefícios

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Pesquisas sobre Compostos Bioativos em Frutas e Plantas

As frutas e extratos de plantas contêm compostos bioativos que desempenham um papel fundamental no tratamento e na prevenção de diversas doenças. Pesquisadores de universidades e instituições de pesquisa do Brasil e da Alemanha têm realizado estudos focados na caracterização desses compostos e na compreensão de seus mecanismos de ação, com resultados que foram recentemente apresentados durante a FAPESP Week Alemanha, na Universidade Livre de Berlim.

A mesa de palestras contou com a participação de importantes especialistas, incluindo Bernadette de Melo Franco, Hans-Ulrich Humpf, Ulrich Dobrindt, João Paulo Fabi e Peter Eisner.

Fitoquímicos e Infecções Bacterianas

O professor Ulrich Dobrindt, da Universidade de Munique, destacou que as plantas medicinais são ricas em fitoquímicos, substâncias químicas naturais que podem neutralizar infecções bacterianas. Essa propriedade é especialmente relevante no contexto do tratamento e prevenção de infecções do trato urinário, que são comuns globalmente e geralmente tratadas com antibióticos.

Os fitoquímicos, como flavonoides, alcaloides e terpenoides, ainda precisam ser mais bem caracterizados em termos de seus efeitos nas células patogênicas. Apesar de alguns apresentarem propriedades antibacterianas, muitos não têm essa atividade. Para investigar essa questão, os cientistas alemães desenvolveram modelos de infecção para estudar como os extratos vegetais influenciam a resposta imune inata e a regulação da expressão gênica nas células.

Estudos realizados em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostraram que extratos vegetais à base de água, de espécies como Solidago gigantea e Equiseti herba, diminuem significativamente a adesão e a sobrevivência de Escherichia coli em células epiteliais da bexiga humana, resultando em uma drástica redução na multiplicação dessa bactéria.

Pesquisa de Pectinas e seu Impacto na Saúde

No Brasil, o Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), vinculado à FAPESP, tem focado na prospecção tecnológica e na avaliação dos efeitos biológicos dos polissacarídeos hidrossolúveis não digeríveis, como as pectinas. Essas substâncias, encontradas em frutas como mamão, maracujá e cítricos, têm sido associadas à diminuição de doenças crônicas não transmissíveis.

Um desafio significativo para a extração de pectinas de frutas como o mamão é o rápido amadurecimento, que altera a estrutura química das pectinas e pode comprometer seus efeitos benéficos, como a modulação da microbiota intestinal. Durante o amadurecimento dos frutos, enzimas degradam as pectinas, tornando-as menos eficazes.

Para solucionar esse problema, os pesquisadores desenvolveram técnicas para extrair pectina do albedo da laranja e do maracujá, parte que geralmente é descartada. Essa pectina é então modificada em laboratório para aumentar sua atividade biológica.

O desenvolvimento dessas técnicas resultou em uma patente para o processo de extração de pectina de frutos carnosos, como mamão e chuchu, e uma segunda patente para a modificação da pectina de subprodutos do maracujá está prestes a ser depositada.

O professor João Paulo Fabi, coordenador do projeto, comentou que já existe um protótipo para a extração e modificação das pectinas em escala de laboratório. A meta é desenvolver um produto, como uma farinha rica em pectina modificada, que possa ser consumida como suplemento ou ingrediente alimentar.

Os pesquisadores também realizaram experimentos em animais que demonstraram a correlação das pectinas modificadas com o aumento da atividade biológica, o que pode levar ao desenvolvimento de estudos clínicos para seu uso como adjuvantes no tratamento do câncer de cólon ou na modulação da microbiota intestinal.

Para mais informações sobre a FAPESP Week Alemanha, acesse: fapesp.br/week/2025/germany.

Imagem de freepik

Informações da Agência FAPESP

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