A afasia primária progressiva (APP) é uma condição neurodegenerativa rara que se manifesta inicialmente como dificuldades com a linguagem, sendo um dos primeiros sintomas a troca de palavras semanticamente ou fonologicamente semelhantes. Pacientes podem ter dificuldades em formar frases, com erros de concordância verbal e nominal, além de inversões na ordem das palavras. Estes indivíduos também podem enfrentar desafios com a escrita (disgrafia) e leitura (dislexia), impactando diretamente sua capacidade de comunicação.
Diagnóstico da Afasia Primária Progressiva
O diagnóstico da afasia primária progressiva é complexo e requer uma análise abrangente das funções cognitivas e de linguagem. O estudo recente, apoiado pela FAPESP, revelou que a detecção precoce da condição pode ser realizada usando a Bateria Montreal Toulouse de Avaliação e Linguagem (MTL-BR). Esse avanço é crucial, pois um diagnóstico rápido permite iniciar o tratamento antes que a doença evolua para alterações cognitivase mais severas, semelhantes às observadas na doença de Alzheimer.
Karin Zazo Ortiz, professora do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), enfatiza a importância desse diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, mais lenta tende a ser a progressão da doença”, afirma ela.
Resultados da Pesquisa
No estudo, foram avaliados 87 indivíduos, incluindo 29 diagnosticados com APP. Os pesquisadores compararam os desempenhos em diversas tarefas linguísticas e identificaram testes-chave para facilitar a avaliação. Os pacientes apresentaram maiores dificuldades em tarefas como compreensão oral de frases, ditado e fluência verbal semântica, entre outros.
Variantes da Afasia Primária Progressiva
A APP se divide em variantes, cada uma com características específicas. Uma das variantes é a afasia progressiva primária não fluente ou agramática, que se caracteriza por dificuldades na estrutura sintática das frases. Outra variante, a afasia progressiva primária semântica, afeta a compreensão de palavras, enquanto a afasia progressiva primária logopênica é similar à demência por Alzheimer, com dificuldades em compreender conteúdos longos e erros de sons na fala.
Ainda existe a APP mista, onde os sintomas não se encaixam em um dos subtipos específicos, complicando o diagnóstico. A identificação precoce das alterações linguísticas é essencial para distinguir a APP de outras síndromes demenciais.
Conclusão
O diagnóstico da afasia primária progressiva representa um desafio significativo devido à similaridade dos sintomas com outras condições neurológicas. No entanto, a pesquisa em andamento sobre a Bateria MTL-BR pode proporcionar ferramentas valiosas para a identificação e o manejo da APP, promovendo uma intervenção mais eficaz e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
Para mais informações, o artigo completo pode ser lido aqui.
Informações da Agência FAPESP