A partenogênese, uma forma de reprodução assexuada, é sabidamente comum em espécies de plantas, insetos, anfíbios e outras formas de vida. Do grego, significa “criação virgem”, e na prática se aplica ao desenvolvimento e crescimento de um embrião sem a fertilização. Porém, um tubarão fêmea chamado Leoni, localizado em um aquário em Townsville, na Austrália, foi o primeiro de sua espécie, o tubarão-zebra (Stegostoma fasciatum), a mudar de uma reprodução sexuada para assexuada. O ineditismo foi relatado em pesquisa publicada nesta segunda-feira no periódico “Scientific Reports”.
Leoni deu luz a filhotinhos em 2013, depois de ter cruzado com um tubarão macho. Ela foi então separada dele, mas três anos depois, em abril de 2016, colocou três ovos, apesar de não ter tido contato com um animal do sexo oposto. “Pensamos que ela poderia ter estocado esperma, mas quando testamos o DNA dos filhotes em busca de seus possíveis pais, descobrimos que eles só tinham células da Leonie”, afirmou em nota a doutora Chistine Dudgeon, uma das autoras do estudo e professora da Universidade de Queensland.
Para os autores, a falta de um companheiro abriu espaço para a adaptação se efetivar — o que é especialmente importante para a conservação da espécie, uma vez que ela está em risco de extinção segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). “Isto tem implicações enormes para a conservação e nos mostra o quão flexível o sistema reprodutivo do tubarão realmente é”, completou a cientista.
Os pesquisadores ficaram atentos agora, com o passar dos anos, se os filhotes de Leonnie também poderão se reproduzir pela partenogênese — o que leva, porém, a uma desvantagem própria da reprodução assexuada: a redução da diversidade genética ao longo das gerações.