Em meio a uma série de denúncias envolvendo a compra e utilização de dados de 50 milhões de usuários do Facebook para influenciar a campanha eleitoral de Donald Trump, nos Estados Unidos, e pró-Brexit, no Reino Unido, em 2016, a imprensa revelou que a Cambridge Analytica planejava atuar no Brasil. A informação sobre o interesse do grupo nas eleições deste ano repercutiu nesta quarta-feira (21), em um vídeo que vazou para a imprensa com conversas de executivos da empresa de consultoria, que tem sede em Londres, na Inglaterra.
Para reforçar a acusação de interferência irregular nas eleições norte-americanas, um vídeo gravado secretamente e divulgado esta semana pelo canal Channel 4 News, do Reino Unido, mostra diretores do alto escalão da Cambridge Analytica confessando a coleta ilegal de dados.
Eles teriam atuado não apenas nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas em países como México e Malásia. Os planos de atuação no Brasil também foram revelados no diálogo entre os consultores.
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Conforme relata o jornal O Globo, a gravação teria sido feita durante um dos quatro encontros de empresários da empresa, no período entre novembro de 2017 e janeiro deste ano. Em um dos trechos, o chefe de dados da consultoria, Alex Tyler, comenta como a coleta de dados pessoas facilita a segmentação da população para passar mensagens sobre as questões mais relevantes e as linguagens e imagens com as quais se identificam.
“Usamos isso nos Estados Unidos, na África… É o que fazemos como empresa” afirma o chefe de dados em dado momento da gravação. “Fizemos no México, na Malásia, e agora estamos indo para o Brasil, China, Austrália…”, complementa o — explica o diretor-gerente da Cambridge, Mark Turnbul, em trecho reproduzido pelo jornal.
A aproximação com o Brasil já vinha sendo especulada antes do escândalo que envolveu o Facebook ao longo desta semana. A Bloomberg divulgou reportagem, em novembro de 2017, revelando que executivos da empresa de consultoria estava mantendo contatos no país, com o intuito de realizar campanhas de políticos brasileiros na disputa eleitoral de outubro. A notícia havia sido confirmada pela CA Ponte, parceria entre a consultoria britânica e a empresa brasileira Ponte Estratégia, que na época acrescentou que estariam em contanto, ainda sem acordo fechado, com três possíveis candidatos. Porém, de acordo com O Globo, a parceria brasileira com a consultoria britânica já teria sido suspensa.