Como saber se meu provedor de internet está me rastreando?

Por Redação
6 Min

Há muitos critérios de seleção possíveis na hora de escolher um provedor de internet ou operadora de celular, entretanto, para quem busca privacidade na internet como um fator importante, a margem para escolha é bastante limitada.

Embora haja ferramentas úteis para comparar a transparência na política de proteção de dados de operadoras, como a Quem Defende Seus Dados?, o rastreamento pelos provedores de internet é praticamente uma regra, e não uma exceção.

Rastreamento ISP

O rastreamento ISP (de “Internet Service Provider”, provedor de serviço de internet em inglês) está na mecânica básica de conexão de internet há muito tempo: cada indivíduo navegando pela rede usa um endereço virtual que o identifica, chamado IP (Internet Protocol, ou protocolo de internet).

Esse endereço IP é atribuído às pessoas justamente pelos provedores, e carregam consigo vários dados de navegação, entre os quais:

  • Conversas de e-mail não criptografadas
  • Sites visitados, incluindo hora e data de acesso
  • Localização física
  • Buscas feitas online
  • Arquivos e quantidade de dados baixados
  • Dados de redes sociais
  • Senhas

Essa coleta de dados é o padrão da indústria e tem uma razão de ser. As leis de vários países, incluindo o Brasil, exige que provedores armazenem a atividade online de seus clientes por um período estipulado, caso seja necessário investigar crimes virtualmente.

A maneira mais eficaz de burlar o rastreamento ISP é contratar um serviço de rede virtual privada, ou VPN. Esse tipo de serviço criptografa todas as trocas de dados e “camufla” o acesso à internet, fazendo conexões por rede servidores privados de internet.

Navegar por sites seguros, que usam protocolo HTTPS, é outra medida que pode mitigar um pouco o rastreamento ISP. O HTTPS é sinalizado por aquele código que aparece logo antes do “www” na barra de endereço do navegador e tem sido incorporado a cada vez mais sites.

Entretanto, apesar de esse protocolo não monitorar exatamente as atividades de navegação, ainda permite às empresas ver quais são os sites visitados, quantos dados são baixados e os horários de conexão.

Além da privacidade, o rastreamento ISP também pode ser usado comercialmente. Provedores moldam seus serviços com base na demanda da clientela. Uma das maneiras de fazer isso é a limitação de banda, que prejudica o cliente e pode estar afetando você nesse exato momento, sem seu conhecimento.

Limitação de banda

Provedores de internet precisam monitorar o tráfego de dados para entregar um serviço de qualidade. No Brasil, a agência reguladora de telecomunicações, Anatel, estipulou que essas empresas são obrigadas a entregar 80% da velocidade de dados média mensal que vende a seus clientes.

A lógica por trás disso é similar à do trânsito de rodovias: embora fluam bem na maior parte do tempo, pode haver congestionamentos. Nesses casos, é impossível garantir o fluxo normal de carros – e o mesmo se aplica a dados digitais.

Embora a obrigação das empresas já tenha sido muito menor (em 2010, podiam entregar 10% da velocidade contratada), ainda há clientes que reclamam serem lesados pelas empresas. Com efeito, muitas delas se aproveitam dessa margem para baratear suas operações e entregar um mau serviço.

A questão do DNS e como reclamar da limitação

Além disso, o limite de banda pode estar ligado a uma causa estrutural chamada DNS, que é um sistema de nomes de domínio e uma peça fundamental para garantir que o IP individual consiga acessar sites na internet. Os provedores de internet fazem as conexões de seus clientes selecionando seus DNS.

Essa passagem pelo DNS acontece, no mundo físico, num servidor, cuja localização é determinada pelo provedor de internet. Se ele for moderno e próximo do local de acesso do internauta, a conexão será rápida. Se estiver em mau estado, longe e sobrecarregado, será devagar.

Seja por um mau serviço ou por uma questão estrutural, consumidores lesados pela limitação de banda podem recorrer à Anatel. Desde que as operadoras de telecomunicações tentaram impor limites de franquia à banda larga fixa, em 2016, a agência tem mantido ativa a Entidade de Suporte à Aferição da Qualidade (ESAQ).

Esse órgão oferece um teste de banda larga, que permite visualizar rapidamente se as condições contratadas de internet estão sendo cumpridas pela prestadora. Caso seja detectado um problema, a Anatel recomenda tratar primeiramente com a operadora. Caso a resposta seja insatisfatória, a Anatel pode ser acessada por site ou pelo aplicativo “Anatel Consumidor”.

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