A participação das mulheres na ciência brasileira tem apresentado um crescimento significativo nos últimos vinte anos, de acordo com um relatório da Elsevier-Bori. No entanto, apesar desse avanço, a presença feminina na produção científica tende a diminuir à medida que a carreira avança.
O documento, intitulado “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil”, revelou que, em 2022, 49% das publicações científicas brasileiras contam com pelo menos uma mulher entre os autores, contra 38% em 2002. Isso coloca o Brasil na terceira posição entre os países com maior participação feminina na ciência, atrás apenas da Argentina e de Portugal.
O relatório também destacou o crescimento da participação feminina nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), que passou de 35% em 2002 para 45% em 2022. No entanto, a velocidade desse crescimento diminuiu a partir de 2009 em comparação com o crescimento total de todas as áreas somadas.
Segundo Dante Cid, vice-presidente de Relações Acadêmicas da América Latina da Elsevier, os resultados são encorajadores, mas há desafios a superar em relação à participação das mulheres nas áreas de Exatas e entre as gerações mais experientes.
Um dos pontos destacados no relatório é a diminuição da participação feminina entre as pesquisadoras mais experientes. Conforme a carreira avança, a presença de mulheres em trabalhos científicos tende a diminuir. Os dados mostram que, de 2018 a 2022, as mulheres com mais de 21 anos de carreira foram coautoras em apenas 36% das publicações científicas.
Além disso, o relatório apontou disparidades na participação feminina em diferentes áreas do conhecimento. Enquanto áreas como Enfermagem, Farmacologia e Psicologia apresentam uma presença significativa de mulheres, áreas como Matemática, Ciência da Computação e Engenharia ainda contam com baixa representatividade feminina.
Por outro lado, algumas áreas estão caminhando para a equidade de gênero, como Enfermagem e Psicologia, que registraram uma diminuição na presença feminina nos últimos 10 anos. Já áreas tradicionalmente dominadas por homens, como Economia e Ciências Ambientais, apresentaram um aumento no número de autoras mulheres.
Para Fernanda Gusmão, Gerente de Soluções para Pesquisa da América Latina da Elsevier, as iniciativas de apoio e incentivo às cientistas mulheres, especialmente em momentos como a maternidade, são fundamentais para acelerar o alcance da equidade de gênero em diversas áreas do conhecimento.
No entanto, apesar do avanço na participação feminina na produção científica, o relatório aponta que a presença das mulheres em patentes de invenção ainda é baixa e cresce de forma lenta. Enquanto as patentes com inventores masculinos e femininos têm aumentado, as patentes com inventoras exclusivamente femininas permanecem estáveis em apenas 3% a 6%.
Em resumo, o relatório da Elsevier-Bori destaca avanços significativos na participação das mulheres na ciência brasileira, mas ressalta a necessidade de superar desafios e promover a equidade de gênero em todas as áreas do conhecimento.