Como um dedo de borracha de bruxa foi parar na barriga de uma tartaruga marinha no Mediterrâneo? Essa pergunta excêntrica foi respondida por um estudo realizado pela Universidade de Exeter, na Inglaterra. Os cientistas monitoraram 135 tartarugas marinhas ao norte de Chipre, no leste do Mar Mediterrâneo, e descobriram que mais de 40% delas continham pedaços de plástico, conhecidos como “macroplásticos”, em seus corpos.
O estudo, publicado na revista Marine Pollution Bulletin, revelou que 492 peças de macroplásticos foram encontradas nas tartarugas, incluindo um dedo de bruxa. A Dra. Emily Duncan, principal autora do estudo, explicou que a presença desses plásticos no estômago das tartarugas pode causar bloqueios no sistema digestivo, comprometendo sua alimentação e levando à morte.
Os pesquisadores observaram que os plásticos ingeridos pelos animais se assemelhavam a folhas, eram transparentes ou brancos, o que pode ter levado as tartarugas a confundi-los com presas como águas-vivas. Essa confusão alimentar pode resultar em graves consequências para a saúde das tartarugas marinhas.
Além disso, o estudo levanta a possibilidade de utilizar as tartarugas marinhas como bioindicadores da poluição plástica nos oceanos. A quantidade de lixo ingerido pelas tartarugas pode fornecer informações valiosas sobre o nível de contaminação de determinada região, possibilitando medidas de preservação e conservação dos ecossistemas marinhos.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destaca que o plástico é um dos materiais que mais demora a se decompor no meio ambiente, podendo levar até 450 anos para desaparecer completamente. Comparando com outros materiais, como papel, vidro e alumínio, o plástico apresenta um tempo de decomposição significativamente maior, o que reforça a importância de reduzir o seu uso e descarte inadequado.
É fundamental repensar nossos hábitos de consumo e descarte de resíduos, a fim de proteger a vida marinha e preservar os oceanos para as gerações futuras. A conscientização e ações individuais e coletivas são essenciais para enfrentar o desafio da poluição plástica e garantir um ambiente saudável para todas as espécies que habitam os mares e oceanos do nosso planeta. Afinal, a vida marinha depende do nosso cuidado e responsabilidade para sobreviver em um ambiente cada vez mais prejudicado pela ação humana.
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