Uma descoberta revolucionária no campo da ciência dos materiais acaba de ser publicada na revista Communications Materials: o primeiro supercondutor não convencional do mundo encontrado na natureza. Normalmente, os supercondutores, materiais que conduzem eletricidade sem perda de energia, são encontrados em condições muito específicas e controladas em laboratório.
O mineral em questão é a miassita, conhecida por sua capacidade de supercondutividade. No entanto, o que a torna ainda mais especial é sua propriedade de superconduzir em temperaturas mais altas, sem depender dos mecanismos quânticos tradicionais observados em outros supercondutores – por isso, não convencional.
Equipe internacional realizou diversos testes no supercondutor miassita
Uma equipe formada por cientistas dos EUA, França e Nova Zelândia foi responsável pelo achado. Eles conduziram uma série de testes minuciosos, incluindo o teste de profundidade de penetração de Londres, para confirmar a supercondutividade única da miassita.
Outro teste envolveu a produção de defeitos no material, que podem afetar a temperatura em que ele se torna um supercondutor. Os supercondutores não convencionais são muito mais sensíveis à desordem causada por esses defeitos do que os materiais supercondutores convencionais.
O estudo de supercondutores não convencionais não apenas abre novos caminhos na ciência dos materiais, como também tem implicações significativas em tecnologias existentes e futuras.
Tesouro descoberto na natureza
Os supercondutores já são utilizados em diversas aplicações, como em scanners de ressonância magnética e aceleradores de partículas. Com a descoberta da miassita, há um potencial ainda maior para avanços nessas áreas, especialmente considerando sua capacidade de supercondução em temperaturas mais elevadas.
Paul Canfield, da Universidade Estadual de Iowa (EUA), um dos responsáveis pelo achado, compara essa descoberta a encontrar um tesouro escondido, destacando que a miassita é apenas um exemplo de uma série de novos supercondutores que ainda podem ser encontrados.
Ele ressalta que a combinação química da miassita (Rh17S15) – um elemento de alto ponto de fusão (ródio) com um elemento volátil (enxofre) – é crucial para sua supercondutividade, abrindo possibilidades para a síntese de novos materiais com propriedades semelhantes.
Entender os mecanismos por trás da supercondutividade não convencional é essencial para desenvolver aplicações práticas desses materiais, conforme enfatiza o físico Ruslan Prozorov, também envolvido no estudo, em declaração ao site Science Alert.