Especialistas afirmam que pesquisa empresarial é ainda escassa no Brasil, apesar dos avanços na relação universidade-empresas.

Por Redação
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A relação entre universidade e empresa no Brasil tem mostrado melhorias significativas nos últimos dez anos, impulsionadas principalmente por iniciativas legislativas. No entanto, ainda existem obstáculos a serem superados, como destacaram pesquisadores e empresários durante a conferência temática “Colaboração Universidade-Empresa”, realizada em 19 de março no auditório da FAPESP. Esse encontro reuniu informações que serão utilizadas na 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), programada para 4 a 6 de junho em Brasília.

Uma das empresas que tem investido fortemente nesse novo modelo de parceria é a Embraer, conforme revelou Cleiton Diniz Pereira da Silva e Silva, diretor de tecnologia e projetos avançados da empresa. Ele ressaltou que programas de formação, como o mestrado profissional em engenharia aeronáutica, têm sido fundamentais para a capacitação de profissionais alinhados com as demandas atuais e futuras da indústria. Esse programa, que já formou mais de 1.600 profissionais, representa uma parceria de sucesso entre a Embraer e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), atendendo as necessidades de formação por meio de desafios práticos e multidisciplinares.

O diretor enfatizou a importância de uma abordagem multidisciplinar na resolução de problemas complexos, como no desenvolvimento do KC 390, exigindo integração de conhecimentos de diversas áreas. Essa visão colaborativa entre academia e empresa tem possibilitado avanços significativos na inovação e no desenvolvimento de novas tecnologias.

Empresas como a Granbio, focada em tecnologias verdes, ainda enfrentam desafios para traduzir a visão de risco empresarial para a academia e para promover a conversão de conhecimento em inovação. É essencial, conforme apontou seu fundador e CEO, Bernardo Gradin, a criação de uma cultura de inovação que estreite os laços entre universidade e empresa.

Carlos Henrique de Brito Cruz, ex-diretor científico da FAPESP, ressaltou a importância de investimentos em pesquisa por parte das empresas, destacando a necessidade de incorporar pesquisadores em suas atividades para impulsionar a competitividade. Ele enfatizou que as empresas desempenham um papel fundamental no avanço da pesquisa e inovação, e que é essencial abandonar a ideia de que apenas as universidades são responsáveis pela produção de conhecimento.

A diretora de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernanda De Negri, destacou a baixa demanda das empresas pelo conhecimento gerado nas universidades, ressaltando a importância de aumentar os investimentos em pesquisa empresarial para alavancar a inovação no país. Ela comparou dados de investimentos em pesquisa em diferentes países, evidenciando a necessidade de maior colaboração entre setores.

Posteriormente, Antonio José de Almeida Meirelles, reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresentou o projeto do “Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável” (HIDS), que visa promover a inovação e a cooperação entre universidade e setor privado para impulsionar o desenvolvimento sustentável em Campinas e em outras regiões do Brasil.

A conferência temática “Colaboração Universidade-Empresa” trouxe à tona questões relevantes e estratégias para promover uma maior integração entre academia e indústria. O evento contou com a participação de renomados especialistas e lideranças do setor, e buscou fornecer subsídios para fortalecer a relação entre universidade e empresa no cenário nacional.

A conferência temática: “Colaboração Universidade-Empresa”, preparatória para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), pode ser assistida na íntegra em: www.youtube.com/watch?v=1sLGlz3S5fc&t=4s.

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