Saúde neurológica dos Yanomami afetada por garimpo ilegal

Por Redação
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Recentemente, um estudo realizado pelo Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas (HC) da USP em parceria com a Fiocruz descobriu os impactos do garimpo ilegal na população indígena Yanomami. O resultado aponta para a contaminação por mercúrio como uma das principais consequências desse tipo de atividade.

Consequências da contaminação por mercúrio

De acordo com os dados levantados, uma das principais consequências da contaminação por mercúrio é a neuropatia periférica, que afeta os nervos ao longo do corpo. Cerca de 30% dos indígenas participantes do estudo apresentaram essa condição.

Além disso, 35% dos participantes tiveram seu desempenho cognitivo reduzido, o que afetou capacidades como memória, aprendizado, linguagem e concentração. Desse grupo, 90% apresentaram níveis elevados de metilmercúrio, sendo que 75% deles desenvolveram neuropatia periférica.

Segundo Gabriel Kubota, coordenador do Centro de Dor do HC e autor do estudo, a longo prazo a situação pode se agravar, tornando uma grande parte da população incapaz de realizar atividades cotidianas.

O mercúrio está na vida dos Yanomami há mais de 40 anos

A contaminação por metilmercúrio acontece quando essa substância presente no ambiente se combina com outras, entrando na cadeia alimentar e sendo ingerida pelos seres vivos, como os indígenas Yanomami. A invasão de garimpeiros na região agrava essa situação, resultando em uma exposição prolongada ao mercúrio ao longo de décadas.

Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz e também envolvido no estudo, destaca como a crise sanitária em 2022 foi pior do que a dos anos 1980, devido ao aumento do garimpo ilegal na região, intensificando a exposição dos indígenas ao mercúrio.

Outros efeitos do garimpo ilegal

A Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima, preocupada com os impactos na saúde da população devido ao garimpo ilegal, solicitou em 2021 uma avaliação da situação. Atendendo a esse pedido, a Fiocruz e o Departamento de Neurologia do HC iniciaram a análise em 2022.

Além dos problemas causados pela contaminação por mercúrio, o relatório mostra dados sobre medidas antropométricas, doenças transmissíveis e crônicas, avaliações pediátricas e características sociodemográficas de 300 pessoas de nove aldeias na região do Alto Rio Mucajaí.

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