Investigação da NHTSA sobre Autopilot da Tesla
A Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (NHTSA) concluiu, na sexta-feira (26), uma longa investigação sobre o Autopilot da Tesla. Segundo o Engadget, o departamento decidiu que os acidentes mais graves relacionados ao piloto automático aconteceram devido ao uso indevido do sistema pelo motorista, porém com ressalvas.
O que você precisa saber:
- A organização ressaltou que a Tesla não utilizou artifícios suficientes para manter os motoristas atentos. Ou seja, não deixou claro que era necessário continuar prestando atenção ao trânsito mesmo com o piloto automático ativado;
- A investigação avaliou quase mil acidentes entre janeiro de 2018 e agosto de 2023, resultando em 29 mortes no total. No entanto, muitos desses acidentes não tinham dados suficientes para análise ou não estavam com o Autopilot acionado;
- Dos mil acidentes analisados, 211 foram considerados mais graves, sendo que todos estavam com o piloto automático ou FSD (versão mais autônoma do software Autopilot) ligados;
- Entre os 211 acidentes, 13 foram fatais, resultando em 14 mortes no total e 49 feridos;
- A agência apontou que, em 78 dos incidentes analisados, os motoristas tiveram tempo suficiente para reagir, mas não o fizeram. Contudo, a Tesla foi considerada primariamente culpada por isso.
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Acidentes sem tentativa de ação evasiva ou tardia por parte do motorista foram encontrados em todas as versões de hardware e circunstâncias de acidente com os modelos.
NHTSA em comunicado.
De acordo com o departamento, a discrepância entre as expectativas dos motoristas e as capacidades reais do piloto automático criou uma “lacuna crítica de segurança”, levando a “uso indevido previsível e acidentes evitáveis”. Apesar dos motoristas não terem utilizado o sistema corretamente, a responsabilidade principal recai sobre a falta de engajamento fornecido pela empresa em relação à tarefa de dirigir.
A Tesla afirmou diversas vezes que alerta os clientes sobre a necessidade de prestar atenção ao utilizar o piloto automático e FSD, incluindo notificações sobre manter as mãos no volante e os olhos na estrada. No entanto, para a NHTSA, os protocolos existentes não são suficientes.
Dessa forma, após a investigação, a NHTSA abriu uma segunda apuração contra a montadora para avaliar as correções implementadas em dezembro, após o recolhimento de dois milhões de veículos. O objetivo é verificar a eficácia da atualização do Autopilot já realizada pela Tesla.
Autopilot da Tesla, propaganda enganosa?
A investigação da NHTSA também revelou um equívoco na descrição do Autopilot pela Tesla, especialmente no que diz respeito à divulgação do software. Enquanto a técnica da empresa classifica o sistema como de “assistência ao motorista”, o marketing o promove como um piloto autônomo, sugerindo uma prática enganosa de acordo com a organização.
Por esse motivo, a procuradoria-geral da Califórnia e o Departamento de Veículos Motorizados do estado irão investigar a Tesla por branding e marketing enganosos.