Juros altos e escassez de mão de obra freiam vagas na construção em 2025

Por Redação
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Perspectivas da Construção Civil: Um Ano Desafiador pela Frente

O setor da construção civil enfrenta um cenário desafiador para 2025, com expectativas de uma geração de empregos significativamente menor em comparação a 2024. Especialistas consultados pelo Broadcast revelam que a combinação de juros elevados e escassez de mão de obra deve impactar negativamente o setor, que já viu uma queda de cerca de 30% na criação de novas vagas em relação ao ano anterior.

Em 2024, a construção civil registrou a criação de 113.860 vagas, porém o número foi impulsionado principalmente pelo setor privado, que respondeu por 108.429 dessas novas oportunidades. A infraestrutura, por sua vez, teve um desempenho alarmante, com apenas 5.431 postos de trabalho criados, o pior resultado desde 2019. Bruno Imaizumi, economista da LCA 4intelligence, aponta que a alta taxa de juros, prevista para alcançar pelo menos 14,25% no ano que vem, deve dificultar novos lançamentos imobiliários e contribuir para a desaceleração do setor.

Apesar do cenário sombrio, Imaizumi acredita que a construção civil ainda pode gerar cerca de 59 mil novos postos de trabalho em 2025, embora isso represente quase metade das vagas criadas em 2024. A Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Ibre/FGV, observa que os sinais do Índice de Confiança da Construção (ICST) indicam uma continuidade no crescimento do setor, mas sob uma pressão significativa devido ao aumento do custo do crédito e à redução da renda disponível.

Em janeiro, o ICST caiu para 94,9 pontos, refletindo uma preocupação crescente entre as empresas sobre a demanda futura. Castelo destaca que, embora o ciclo econômico anterior tenha proporcionado um “colchão” para as atividades, as expectativas para o futuro são incertas.

A escassez de mão de obra também é uma questão crítica. O setor da construção civil enfrenta desafios estruturais na contratação, exacerbados por salários que muitas vezes são inferiores aos da indústria da transformação e pela baixa participação da mão de obra feminina. Imaizumi observa que as novas gerações, mais escolarizadas, estão menos inclinadas a aceitar trabalhos braçais, o que agrava a situação.

Além disso, Lucas Assis, economista da Tendências Consultoria, ressalta que a alta rotatividade no setor complica a construção de um capital humano robusto. A demanda atual por trabalhadores não está relacionada a um alto nível de qualificação, mas sim à necessidade de treinamentos específicos, um aspecto que muitos empregadores têm dificuldade em atender.

Assim, enquanto a oferta de trabalho permanece, os desafios estruturais e as pressões salariais resultantes da ampliação do poder de barganha dos trabalhadores se tornam fatores determinantes para o futuro da construção civil. O ano de 2025 promete ser um período de ajustes e incertezas, onde a resiliência do setor será colocada à prova em meio a um ambiente econômico desafiador.

Com informações do InfoMoney

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