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Turistas argentinos aproveitam câmbio favorável: até quando?

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A Volta dos Argentinos às Praias Brasileiras: Um Reflexo da Crise Econômica na Argentina

As praias brasileiras estão novamente repletas de turistas argentinos, uma cena que remete a décadas passadas e que agora ganha novos contornos devido à atual conjuntura econômica da Argentina. O governo de Javier Milei tem buscado conter uma crise que parece interminável, alicerçando sua estratégia em três pilares fundamentais: equilíbrio fiscal, disciplina monetária e redução da inflação. Este último ponto é alcançado por meio de uma gestão cuidadosa da taxa de câmbio, que resultou em uma valorização momentânea do peso argentino em relação a moedas de países vizinhos, como o real brasileiro.

O consultor e professor da Universidade de Buenos Aires, Martin Rapetti, trouxe um tom bem-humorado à análise da situação em um post na rede X, ao afirmar que a taxa de câmbio real é um preço relativo. Ele destacou, de forma irônica, que quando o peso está desvalorizado, é mais vantajoso viajar para o Brasil ou outros destinos internacionais. Por outro lado, quando o peso se valoriza, as opções de turismo se restringem a cidades argentinas como Mendoza e Bariloche.

A valorização do peso argentino, conforme indicam dados do Banco Central da Argentina (BCRA), é a mais significativa desde o fim da conversibilidade entre 1992 e 2002. O impacto da desvalorização do real frente ao dólar amplifica essa valorização “artificial” do peso, tornando os destinos brasileiros mais atrativos para os turistas argentinos. Contudo, essa valorização tem suas consequências. Relatos indicam que os produtos brasileiros estão se tornando mais desejáveis do que os argentinos, pressionando ainda mais a moeda local.

Desde que Milei assumiu, sua equipe econômica, liderada pelo ministro Luis "Toto" Caputo, promoveu uma desvalorização inicial da moeda, seguindo um esquema de “crawling peg”, que ajusta mensalmente a taxa de câmbio. Contudo, essa estratégia tem gerado distorções significativas, especialmente em setores como o turismo, onde as expectativas inflacionárias não refletem a realidade econômica.

O ex-ministro Domingo Cavallo expressou preocupação em relação à valorização exagerada do peso, estimando-a em cerca de 20%, o que pode afetar a competitividade de setores-chave como a agricultura e a indústria. A estratégia de Milei está em constante debate, especialmente com as eleições parlamentares se aproximando. O controle da inflação é crucial para manter o apoio popular e garantir a estabilidade do partido A Liberdade Avança no Congresso.

Enquanto isso, a fuga de turistas argentinos para o exterior se intensifica, especialmente após a redução do imposto PAIS sobre compras no exterior, que passou de 60% para 30%. Essa mudança visa estimular viagens, mas também levanta questões sobre a sustentabilidade da economia argentina. O dilema é claro: enquanto o turismo traz receitas, a valorização do peso e as altas de preços locais podem desincentivar a competitividade argentina no mercado internacional.

As próximas semanas serão decisivas para Milei e sua equipe, que precisam encontrar um equilíbrio entre manter o apoio popular e garantir a saúde econômica do país. A situação se complica ainda mais em um cenário onde a arrecadação federal e o investimento estrangeiro permanecem vulneráveis a incertezas e falta de clareza nas regras econômicas. O futuro da economia argentina e suas relações comerciais com o Brasil, assim como a experiência dos turistas argentinos em solo brasileiro, dependem de decisões críticas que estão por vir.

Com informações do InfoMoney

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