A Revolução Digital no Setor Bancário Brasileiro: Avanços e Desafios
O setor bancário brasileiro tem se destacado globalmente pela adoção de novas tecnologias, especialmente no campo da segurança e na experiência do cliente. Desde os tempos da hiperinflação até a recente implementação de soluções inovadoras como o sistema de pagamento instantâneo Pix e o conceito de open finance, o Brasil tem se posicionado como líder em inovações financeiras. De acordo com uma pesquisa da Matera Insights, cerca de sete em cada dez brasileiros já se sentem confortáveis em contratar serviços financeiros por meio de dispositivos móveis, evidenciando uma mudança significativa no comportamento do consumidor.
No entanto, essa evolução não vem sem desafios. As instituições financeiras precisam se adaptar às novas exigências de clientes que buscam serviços mais amigáveis e personalizados. A Inteligência Artificial (IA) surge como uma ferramenta crucial para proporcionar experiências tailor-made aos usuários, permitindo análises mais profundas sobre o perfil financeiro de cada cliente. Ricardo Ferreira, diretor de operações da Matera Insights, ressalta a importância desse investimento, afirmando que "o sucesso das plataformas digitais e de pagamentos instantâneos confirma que o cliente está confortável com a tecnologia".
Com investimentos superiores a R$ 47 bilhões, cerca de 96% dos bancos já utilizam IA, tornando-a a maior parte dos investimentos do setor, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Essa tecnologia não só melhora a experiência do usuário, mas também pode facilitar a expansão de recursos como o cadastro positivo e o microcrédito, que historicamente enfrentaram dificuldades para decolar. Com a IA, as instituições podem oferecer produtos adaptados às necessidades de clientes que, muitas vezes, não têm um histórico bancário formal.
O crescimento no número de clientes bancários ativos no Brasil é impressionante: entre junho de 2018 e dezembro de 2023, houve um aumento de 103,2%, passando de 77,2 milhões para 152 milhões. Este fenômeno foi impulsionado, em parte, pela pandemia de Covid-19, que forçou a digitalização de muitos serviços bancários e pelo lançamento do Pix, que se tornou uma das principais formas de pagamento no país.
Alexandre Bueno, gerente sênior da consultoria Capco, destaca que a IA permite que os bancos vejam "um filme da vida financeira da pessoa", ao invés de apenas "fotos" de seu histórico. Isso é particularmente relevante no contexto do microcrédito, onde a personalização das ofertas pode ajudar pequenos empresários a gerirem melhor suas finanças.
Entretanto, mesmo com essa evolução tecnológica, o Brasil ainda enfrenta um desafio significativo: a educação financeira. A pesquisa da Matera Insights revela que 65% dos entrevistados se sentem confiantes para contrair crédito pelo celular, mas 66% não se lembram da taxa de juros de seus últimos empréstimos. Isso evidencia a urgência de iniciativas de educação financeira que ajudem os consumidores a entender melhor os produtos que estão contratando.
Em suma, a digitalização do setor bancário brasileiro está em plena ascensão, impulsionada pela tecnologia e pela mudança no comportamento dos consumidores. Contudo, para que essa revolução se consolide, é essencial que as instituições financeiras não só invistam em tecnologia, mas também promovam a educação financeira entre seus clientes, garantindo que todos possam navegar com segurança e confiança nesse novo cenário.
Com informações do InfoMoney