Lema da equipe econômica de Trump: Sem dor, sem ganho na prática

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Título: A Economia em Tempos de Mudança: Desafios e Promessas no Mandato de Donald Trump**

A campanha de Donald Trump, que o conduziu à presidência dos Estados Unidos em novembro, prometeu revitalizar uma economia que ele considerava doente. Contudo, a realidade que começa a se desenhar em seu segundo mandato sugere que o caminho para a recuperação pode não ser tão suave quanto prometido. Após um mês turbulento, repleto de tarifas e uma crescente tensão comercial global, o tom da administração começou a mudar.

No discurso ao Congresso, Trump defendeu suas ambições de implementar um protecionismo robusto, propondo as maiores elevações de tarifas em quase um século. Ele assegurou que, apesar de uma "pequena turbulência", a economia americana se recuperaria a longo prazo. Scott Bessent, secretário do Tesouro, ecoou esse sentimento ao afirmar que a maior economia do mundo precisava de uma “desintoxicação” para reduzir sua dependência de gastos públicos.

No entanto, o cenário econômico apresenta sinais de vulnerabilidade. A inflação está se mostrando um desafio difícil de conter, especialmente com a introdução de novas tarifas que poderiam agravar a situação. O clima de incerteza levou consumidores e investidores a ficarem mais cautelosos, enquanto o mercado de ações, que Trump costumava usar como um termômetro de seu sucesso, atingiu níveis preocupantes. O índice S&P 500 caiu para o seu menor patamar desde as eleições, um reflexo das ameaças de guerra comercial com vizinhos como o Canadá e o México.

A rotina de Trump em desconsiderar as flutuações do mercado de ações em prol de uma visão de longo prazo é uma estratégia arriscada. “Eu nem estou olhando para o mercado porque, a longo prazo, os Estados Unidos serão muito fortes com o que está acontecendo aqui”, afirmou ele em uma conferência. EJ Antoni, da Heritage Foundation, acrescentou que ajustes seriam necessários, mas não significariam o fim do mundo econômico.

Enquanto isso, o relatório de empregos da semana passada trouxe dados mistos: 151 mil novas vagas foram abertas, mas o desemprego subiu para 4,1%. Apesar das promessas de Trump de que sua política econômica traria empregos bem pagos de volta à indústria, as preocupações com a guerra comercial foram acentuadas, especialmente entre as montadoras, que já estão pedindo isenções e adaptações às novas tarifas.

A crescente incerteza sobre a guerra comercial, aliada ao aumento das tarifas sobre aço e alumínio, poderá acirrar ainda mais a situação. Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, afirmou que o foco da administração estava na economia real, mas os sinais de que a indústria americana está tensa são inegáveis.

Além disso, a política de Trump de substituir receitas de impostos por tarifas está sendo vista com desconfiança, especialmente por analistas que acreditam que isso pode trazer mais dores do que benefícios a curto prazo. Heather Boushey, ex-conselheira do governo Biden, alertou que o foco frenético em políticas comerciais poderia desviar a atenção dos cortes de gastos que afetam os mais vulneráveis da sociedade.

À medida que os Estados Unidos navegam por essas águas turbulentas, a expectativa é de que a incerteza econômica continue a crescer. A visão de Trump de um futuro próspero pode depender mais da capacidade de sua administração de equilibrar interesses comerciais e sociais do que de promessas de crescimento ilimitado. Com uma economia global em constante mudança, os desafios que aguardam essa administração são muitos, e o tempo dirá se as promessas de recuperação se concretizarão ou se se transformarão em mais um capítulo de incertezas.

Com informações do InfoMoney

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