A taxa Selic, atualmente em 10,75%, continua em trajetória de queda. Espera-se mais um corte de 0,5 ponto percentual para a reunião de maio, mas o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou que a falta de visibilidade econômica deixa incerta a magnitude da diminuição da Selic na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que será realizada em junho.
Esta incerteza levou o BC a retirar o “forward guidance” para a decisão de junho. De acordo com Campos Neto, este recurso tem um bom benefício quando há convicção de que um cenário irá se consolidar. Quando isso muda, existe o risco de maior volatilidade.
“Por isso a gente retirou o ‘forward guidance‘, porque não temos uma visibilidade tão clara. Quando a gente não tem uma visibilidade tão clara, entende-se que fica um pouco dependente do que acontecerá até lá (junho)”, afirmou durante a coletiva do Relatório Trimestral de Inflação.
Entre os pontos de incerteza estão o impacto do aumento da renda real sobre a inflação de serviços, uma vez que a alta dos preços em alimentos é vista como localizada.
Campos Neto ainda negou que houvesse um racha entre os membros do Copom, reforçando que todas as últimas decisões foram unânimes. A possibilidade de racha surgiu porque a ata, divulgada na última terça-feira, informava que “alguns” dos diretores avaliaram a redução no ritmo de cortes em caso de incertezas persistentes.
De acordo com ele, é natural que alguns integrantes tragam temas diferentes para a reunião e que o BC está querendo dar maior transparência sobre o que é discutido.
“A gente entendeu que tinha uma incerteza maior sobre alguns temas. Aqui é importante enfatizar que o Copom não está dividido”, afirmou.