A Páscoa deste ano será marcada por uma novidade no mercado varejista: a possibilidade de parcelamento de itens típicos da data em até dez vezes, sem juros. Grandes redes de varejo como Americanas, Carrefour e GPA estão oferecendo essa opção aos consumidores, visando impulsionar as vendas na temporada.
A Americanas, que já foi reconhecida como a responsável pela maior Páscoa do mundo, está parcelando em até dez vezes, sem acréscimo, as compras de ovos de Páscoa, chocolates e brinquedos importados, como coelhinhos de pelúcia. A condição é válida para compras nas lojas físicas e requer um valor mínimo de R$ 199. A empresa informa que o parcelamento pode ser realizado em todos os cartões de crédito.
Já o Carrefour, maior rede de supermercados do País em vendas, também aderiu ao parcelamento em até dez vezes sem juros, porém apenas no cartão próprio, para ovos de chocolate. Para produtos como azeite e bacalhau, o prazo de parcelamento oferecido é de até seis vezes sem juros, no cartão da própria loja.
O GPA, controlador das redes Pão de Açúcar e Extra Mercado, incluiu no parcelamento chocolates, ovos de Páscoa, bolos, sobremesas geladas, azeites, vinhos, bacalhau e o menu de almoços de Páscoa prontos. Nas lojas em São Paulo, o grupo espera aumentar as vendas de chocolates e pescados em 20% com essa estratégia.
Segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com SPC Brasil, os consumidores brasileiros têm demonstrado interesse em mais prazos para pagamento nas compras de Páscoa. A pesquisa revela que houve um aumento na demanda por parcelamentos mais longos entre 2023 e 2024, com destaque para prazos de cinco vezes e até seis vezes ou mais.
A estratégia das lojas em oferecer parcelamentos mais longos para itens de Páscoa está relacionada ao cenário econômico do país. Apesar da recente desaceleração da inflação, os preços dos alimentos continuam elevados, refletindo adversidades climáticas que afetaram a produção de produtos como chocolate e azeite.
A alta dos preços do cacau e do azeite é atribuída às condições climáticas adversas em regiões produtoras, causadas pelo fenômeno El Niño. A seca seguida de excesso de chuvas prejudicou a produção dessas commodities, impactando diretamente o mercado.
Para Daniel Sakamoto, gerente executivo da CNDL, o parcelamento de prazos mais longos para alimentos reflete a dicotomia entre o cenário macroeconômico favorável e as finanças pessoais apertadas dos brasileiros. Embora o cenário econômico apresente melhorias, as famílias continuam enfrentando altos níveis de endividamento e inadimplência.
A oferta de parcelamento em prazos mais longos pode trazer alívio imediato para as famílias, mas Sakamoto alerta que isso pode se tornar uma armadilha a médio prazo, levando a um ciclo de endividamento crescente. É importante que os consumidores estejam atentos aos juros embutidos no parcelamento e busquem uma educação financeira adequada para evitar problemas futuros.