O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, afirmou em coletiva de imprensa nesta terça-feira (30) que o Comitê de Política Monetária (Copom) precisará avaliar os dados econômicos antes de tomar sua decisão sobre os juros na reunião de política monetária da semana que vem. Aquino alertou repetidas vezes que sua posição é de “cautela” e ressaltou a importância de avaliar os números antes de tomar qualquer decisão.
“A minha posição é de cautela, eu preciso avaliar os números para tomar a minha decisão. Dado que é um colegiado, cada diretor tem direito ao seu voto”, disse Aquino.
Ele também destacou que o Copom percebe que as expectativas de inflação estão desancorando e reforçou que o colegiado tem uma meta de inflação “muito clara”. Em relação ao cenário externo, Aquino mencionou que há desafios, especialmente devido às tensões geopolíticas e às incertezas em relação à política monetária dos Estados Unidos.
No âmbito doméstico, o diretor do Banco Central mencionou que os dados econômicos e de inflação recentes foram positivos, porém fez menção a um “debate acerca da meta fiscal”, sem entrar em detalhes sobre o impacto desse tema na condução da política monetária e no balanço de riscos do BC. Após o governo afrouxar a meta de resultado primário para 2025, os mercados financeiros passaram a citar uma percepção pior da saúde das contas públicas, afetando os ativos brasileiros em um contexto global turbulento.
De acordo com o último relatório Focus, as projeções de mercado apontam para um IPCA de 3,73% este ano e de 3,60% no próximo ano, acima da meta de 3%. A taxa Selic está atualmente em 10,75%, após seis cortes consecutivos. Em meio à incerteza elevada, parte dos mercados passou a apostar em uma redução menos intensa, de 0,25 ponto, no encontro de maio do Copom. Aquino reforçou que segue avaliando os números e aguardando a próxima semana para tomar a melhor decisão.
Na coletiva de imprensa, Aquino destacou a estabilidade financeira do sistema brasileiro, ressaltando a confiança dos mercados no trabalho do BC. Ele mencionou melhorias na concessão de crédito, nas provisões do sistema financeiro e na rentabilidade dos bancos. O diretor enfatizou que a liquidez não é um problema no Brasil e que os testes de estresse continuam mostrando a resiliência do sistema bancário, trazendo tranquilidade para a sociedade brasileira.
Por outro lado, Aquino expressou preocupação com o risco tecnológico enfrentado pelas instituições financeiras, ressaltando a necessidade de melhorias para aumentar a segurança do sistema. O Banco Central levantou vários pontos a serem aprimorados pelas entidades nesse sentido.