Quem consegue programar uma mudança de carreira, começando do zero e emplacando uma nova faculdade no currículo, sai na frente daqueles que ingressam no ensino superior sem pensar com cuidado. Com dificuldade de se encaixar no mercado de trabalho, Amanda Machado quis fazer a transição da fisioterapia para a administração.
“O mercado para fisioterapeutas está fechado. Eu trabalhava, mas como autônoma. Apesar de gostar muita da profissão, resolvi continuar atendendo à domicílio e fiz administração para prestar concurso público”.
O que ela planejou há quatro anos mudou. Formada no ano passado na segunda graduação, Amanda não se tornou servidora nem conseguiu deixar de lado a primeira aposta. Ela pretende conciliar as duas profissões.
“Quem sabe nao consigo abrir minha clínica?”
A escolha de Hugo Suzano em iniciar a graduação de contabilidade, ao mesmo tempo que cursava administração, também foi por conta das ofertas de emprego.
“Conversei com pessoas próximas e familiares que trabalham na área, fiz uma análise e vi que a contabilidade é bem cotada no mercado. Acho que é uma vantagem ter dois diplomas”.
Mas a vida acadêmica tomou conta das horas do estudante, mesmo sem ele perceber. Hugo está a caminho do segundo ano de mestrado em economia.
“Ainda estou pensando se vou entrar no mercado ou se vou abrir negócio, vai depender de como esse ano vai se desenrolar pra mim. Dar aula é uma segunda opção”.
A psicoterapeuta Aline Gomes aprova a decisão de Hugo, embora considere que escolher uma carreira para o resto da vida aos 18 anos não seja algo justo.
“Sofremos tantas mudanças pessoais ao longo da vida que é inevitável que as transformações que passamos não causem impacto na vida profissional – mesmo para aqueles que entraram apaixonados pelo curso da faculdade”.
Ela atenta para as principais motivações pelo duplo diploma:
“Quando se trabalha com o que se ama e não se visa apenas o faturamento, fica bem mais fácil acertar o alvo do prazer. Para não criar expectativa vale estudar bem o mercado para conhecer as áreas de atuação e ver qual a que você mais se identifica”.
Na Universidade Candido Mendes, a maior procura pela segunda graduação acontece quando o aluno tem a possibilidade de aumento no salário dentro da própria empresa que trabalha. Tânia Peternsen, diretora da Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro da UCAM, fala sobre o perfil do aluno.
“A tendência são as matrículas por áreas afins. Há incentivo interno para a conclusão de um segundo curso de graduação em apenas um ano a mais de estudos. O administrador, por exemplo, em mais um ano de estudos, se forma em contábeis.