Após vazamentos das provas e do tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2016, o Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pela avaliação, vai utilizar detectores de equipamentos eletrônicos e de transmissões de banda larga para evitar que candidatos recebam informações externas.
Os detectores serão usados pelos aplicadores do exame e são capazes de identificar pontos eletrônicos, Wi-Fi e Bluetooth. Ao verificar a presença destes itens, há um alerta por gráfico, alarme ou vibração. Os equipamentos serão utilizados em todos os estados, segundo o MEC. No entanto, a quantidade e as cidades não foram divulgados por segurança.
Outra novidade é que provas também serão personalizadas com os nomes e números de inscrição dos quase 8 milhões de candidatos.
As medidas foram apresentadas também como uma compensão à diminuição do uso de dectores de metais nos locais de prova. O Inep foi à justiça exigir que o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) — responsável por aplicar e corrigir o Enem durante anos até ter o contrato rescindido no início de 2017 — devollvesse os 81.376 equipamentos. A Justiça, no entanto, decidiu que o material pertecem ao Cebraspe. Com isso, neste ano, serão usado apenas 29 mil detectores de metais, o que, segundo o Inep, garante dois equipamentos por cada uma das 13 mil coordenadorias de prova. O excedente serão distribuídos em locais estratégicos conforme a orientação da Polícia Federal.
“Buscamos inteligência em segurança de aplicação de provas em diversos países. Hoje no mundo da tecnologia, eles se utilizam de pontos eletrônicos e celular com Bluetooth. São criminosos darwinianos, a cada ano só os melhores sobrevivem com o uso da tecnologia”, disse o delegado da Polícia Federal, Franco Perazzoni.
“O ponto eletrônico é um dos meios mais utilizados na tentativa de fraude. Esperamos que ao usar essas detectores possamos inibir e combater qualquer tipo de fraude”, disse o ministro Mendonça Filho.
Neste ano, os detectores, que se chamam ANDRE, não terão custo para o governo, pois trata-se de um teste em parceria com a empresa Berkana. Caso tenha resultado, segundo o INEP,eles poderão ser adotados definitivamente a partir de 2018.
Cada prova aplicada do Enem de 2017 terá um custo de R$ 90.
Os novos reforços de segurança foram anunciados na manhã desta terça-feira em um encontro que discutiu a logística da distribuição de provas e aplicação do exame, no 4º Batalhão da Infantaria do Exército, em Osasco, na Grande São Paulo.
Neste ano, os testes serão realizados em dois domingos seguidos, 5 e 12 de novembro. Nas edições anteriores, as avaliações eram aplicadas em um único final de semana. Em 2017, quase 8 milhões de estudantes se inscreveram para o exame. Os mais de 22 mil locais da prova começarão a ser divulgados no dia 20 de outubro.
“Do ponto de vista da segurança, gera mais dúvida com um espaçamento maior. Mas quando pensamos no conforto dos alunos, é o ideal”, disse o ministro da Educação, Mendonça Filho.
Com a mudança, os sabatistas — que guardam o sábado por questões religiosas — não precisarão ficar mais confinados.
Após a reunião, que envolveu o Ministério da Defesa, o Exército e a Polícia Federal, o primeiro carregamento com as provas foi distribuído para postos de armazenamento no interior do país em dois caminhões dos Correios.
O encontro acontecerá durante todo dia. A imprensa, porém, só teve acesso à parte da manhã. À tarde, a reunião é restrita aos responsáveis pela logística do Enem e incluirá uma visita técnica à gráfica responsável pela impressão das provas.
Vazamentos
Em 2016, um relatório da Polícia Federal apontou que pelo menos dos candidatos tiveram acesso à prova antes do início da aplicação do exame. Um homem em Fortaleza, no Ceará, e outro em Macapá, no Amapá, foram flagrados com o tema da redação e confessaram que tiveram acesso ao gabarito.
Em 2009, o vazamento da prova obrigou o governo a realizar uma nova avaliação
Agência O Globo