O governo federal, após críticas de estudantes e professores, decidiu suspender a implementação do novo ensino médio. A decisão foi tomada após o Ministério da Educação finalizar uma portaria que elimina a necessidade de adaptação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ao novo modelo em 2024. O ministro da Educação, Camilo Santana, deve assinar a portaria nos próximos dias. A suspensão, a princípio, será válida durante o prazo de 90 dias de uma consulta pública em aberto sobre as mudanças, iniciada em março e que pode ser prorrogada. Além disso, o MEC ainda terá outros 30 dias para preparar um relatório.
O novo modelo foi aprovado pelo Congresso em 2017, no governo de Michel Temer, e se tornou obrigatório em 2022. A carga horária dos três últimos anos do período escolar foi dividida em duas partes, sendo 60% da carga comum a todos os alunos e 40% dedicada às disciplinas optativas, chamados de itinerários formativos. Além disso, o número de horas anuais obrigatórias aumentaria de 800 para pelo menos mil horas, de quatro para cinco horas diárias. No entanto, estudantes reclamam de terem perdido tempo de aula de disciplinas tradicionais, de disciplinas desconectadas do currículo e de deficiências na oferta das optativas, impedindo que cursem os itinerários que desejam, especialmente na rede pública, ampliando a desigualdade com a rede privada. Desde o início do ano, estudantes, professores e alguns especialistas cobram o governo Lula para que o modelo seja revogado, inclusive com a realização de protestos.