O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que ele já andou armado à noite em São Paulo para se defender.
Em encontro com representantes do segmento do esporte nesta terça-feira (27), ao criticar a política armamentista do presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula afirmou que já teve uma “garruchinha 22”. Garrucha é uma arma de cano curto.
“Eu, quando namorava, muito tempo atrás, eu tinha uma garruchinha 22. Eu namorava até às 23h30 e tinha que sair a pé. Era longe pacas e não tinha ônibus. Eu tinha uma garruchinha, colocava ela aqui dentro, tirava as balas com medo que elas estourassem alguma coisa aqui dentro e colocava as balas no bolso”, afirmou Lula.
“Se um cara viesse para cima de mim, eu falava: ‘oi, pera aí, deixa eu colocar as minhas balas aqui'”, seguiu Lula. “Mas não tem necessidade, quem não sabe usar arma”, completou.
Ainda em seu discurso, o petista chamou atenção para o aumento da violência política e disse que apoiadores de Bolsonaro já “mataram três ou quatro”. “O bolsonarismo representa uma parte daquilo que a gente pensava que não existia, porque a gente tinha pensado que a direita tinha ficado civilizada”, disse.
“A gente não tinha experiência de violência, a violência era verbal. Agora, não”, seguiu.
O petista voltou a dizer que os decretos de armas do governo Bolsonaro favorecem o narcotráfico e o crime organizado. “A venda de armas liberada não vai para pessoas boas. Quem tá comprando armas é o narcotráfico, o crime organizado. Qual cidadão de bem que quer tantas armas?”
Em entrevista ao Canal Rural na semana passada, o ex-presidente reforçou seu posicionamento contrário ao armamento da sociedade, mas disse que isso não significa que donos de fazenda não poderão ter armas para garantir sua segurança. Ele citou inclusive que seu pai tinha arma em casa.
Temas de segurança pública, principalmente a pauta armamentista do presidente Bolsonaro, se converteram em ponto sensível para a campanha de Lula.
Aliados do petista avaliam que essa é uma seara dominada por eleitores de Bolsonaro e que qualquer tropeço pode dar munição aos opositores.
Em reunião com governadores e ex-governadores no dia 30 de agosto para tratar do tema, Lula prometeu a retomada de Estatuto do Desarmamento e a recriação do Ministério da Segurança Pública.
No último dia 20, a maioria dos integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) votou por manter a decisão do ministro Edson Fachin que suspendeu trechos de decretos assinados pelo presidente Bolsonaro que flexibilizavam a compra de armas e de munições.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, o número de armas de fogo nas mãos dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) chegou a 1 milhão em julho deste ano. Essas categorias têm sido as mais beneficiadas por normas editadas no governo Bolsonaro que facilitaram o armamento da população.
Um mote da gestão de Bolsonaro tem sido a facilitação da compra de armas pela população e isso tem sido criticado pela campanha do ex-presidente Lula.
O governo federal já editou 17 decretos, 19 portarias, duas resoluções, três instruções normativas e dois projetos de lei que flexibilizam as regras para ter acesso a armas e munições.
Na sua gestão, além de estimular o cidadão comum a se armar, Bolsonaro deu acesso à população a calibres mais poderosos.