Basf e Kimberly fortalecem geração de empregos no Polo Industrial de Camaçari

Por Redação
8 Min
Polo Industrial de Camaçari
Foto: Carol Garcia / GovBa

A terceira geração da indústria petroquímica que está crescendo no Polo Industrial de Camaçari reforça a permanência das empresas no estado e a atração de outras indústrias. A integração e o adensamento das cadeias produtivas no Polo, idealizados há 35 anos, consolidam-se com a implantação do Polo Acrílico da Basf, que obtém matéria prima da Braskem, fabrica um polímero superabsorvente e fornece para a Kimberly Clark, que produz, na sua unidade de Camaçari, fraldas, absorventes e papel higiênico. Parte da celulose utilizada pela Kimberly também é baiana, produzida pela Fibria e Suzano, no sul do estado. Juntas, Kimberly e Basf são responsáveis por quase dois mil empregos diretos e indiretos na região de Camaçari.

Não é apenas a dependência da matéria prima que motiva a implantação de novas empresas no Polo. Toda a produção baiana da Kimberly Clark é escoada para o Nordeste por meio de caminhões, e a localização estratégica facilita e reduz os custos. Para o gerente da planta, Marcelo Zenni, a segurança institucional também é fundamental. “Nós começamos há quatro anos, com Jaques Wagner, agora com Rui Costa, e o relacionamento é muito importante e sadio. O Governo do Estado abre as portas, recebe as empresas e tem feito uma parceria muito estratégica, boa para ambos os lados. O principal benefício obtido do Estado foi através do Programa Desenvolve, que nos atraiu e tem nos ajudado a pensar no crescimento nessa região, além da Basf, que é nosso parceiro principal”.
Superintendente de Atração de Investimentos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Paulo Guimarães explica que os incentivos fiscais são oferecidos por meio dos programas Pró-Bahia e Desenvolve. “Nossos programas são muito abrangentes e permitem que tenhamos condições de oferecer alguns dos melhores incentivos do país. O Governo do Estado também dispõe de áreas em diversas regiões que são vendidas a um custo muito mais baixo do que o setor privado. E, por fim, o apoio institucional que o Estado oferece, em todo o processo de implantação da empresa, desde o licenciamento ambiental, resolução de problemas logísticos, de infraestrutura, energia, inclusive apresentando a empresa aos nossos bancos de fomento para que possa conseguir financiamento para seus projetos”.
Guimarães também destaca investimentos em infraestrutura. “Uma coisa que ajudou muito o Polo nos últimos anos foi a duplicação do sistema da BA-093, da Via Parafuso, agora estamos duplicando a Cascalheira. Isso criou outras condições de infraestrutura que não existiam”. O superintendente avalia que a diversificação das cadeias produtivas é um fator de consolidação do Polo como oportunidade. “Temos novos investimentos sempre chegando. Nos últimos anos, após a implantação da Basf, a Kimberly já aumentou sua capacidade, o Boticário vem aumentando sua capacidade desde a sua implantação, a Ford, a Bridgestone e a Continental também cresceram. Isso significa que aquele ambiente de negócios ali é muito favorável seja para o mercado local, nacional ou para exportação. Com os projetos que o Governo do Estado tem de melhorias portuárias e rodovias, o Polo também vai crescer, à medida em que a economia brasileira comece a melhorar”.
Balança comercial
A diretora do Complexo Acrílico da Basf, Tânia Oberding, informa que a estimativa do impacto da unidade na balança comercial brasileira é de US$ 300 milhões. “São US$ 200 em importações que não estão mais sendo feitas, já que agora somos autossuficientes em ácido acrílico e superabsorventes, e temos ainda US$ 100 em exportações”. Segundo ela, a planta está operando praticamente no limite. “A fábrica de ácido acrílico foi feita em escala mundial, com capacidade para produzir 160 mil toneladas por ano e está praticamente cheia. No segundo ano de operação ter essas plantas produzindo quase 100% da capacidade é sinal que a gente tinha que ter essa fábrica aqui. Não sei se a expectativa era tão agressiva, mas o resultado é bom”, afirma Tânia.
Ela informa que houve transferência de tecnologia para a implantação da unidade. “O projeto foi baseado na planta chinesa, com melhorias. Quem deu a informação inicial para esta tecnologia foram os EUA, a Alemanha e a Bélgica”. O empreendimento contou com investimentos de R$ 1,2 bilhão, o maior montante empregado pela multinacional alemã ao longo de mais de 100 anos na América do Sul, e gera atualmente 230 empregos diretos e 600 indiretos.
Para o analista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), Luiz Mário Vieira, o risco de uma empresa consolidada dentro de uma cadeia produtiva desistir do negócio ou mudar de sede depois de já implantada é praticamente zero. “A Basf tem potencial para produzir outros insumos e trazer outras indústrias que utilizam produtos que ela já fabrica. Isso provavelmente vai acontecer nos próximos anos, principalmente quando a economia voltar a crescer”. Segundo ele, uma vez instaladas e próximas às fabricantes dos insumos, as empresas não precisam mais procurar fornecedores em outros estados, o que encarece o custo. “A Braskem é praticamente vizinha da Basf. Este adensamento da cadeia produtiva industrial fortalece o setor para atrair outras empresas que tenham este mesmo objetivo de demandar insumos da matriz industrial baiana”.
Geração de emprego e renda
Segundo Marcelo Zenni, a Kimberly hoje conta com 430 empregados diretos, outros 200 são terceirizados fixos e mais quinhentos indiretos, totalizando mais de 1.100 postos de trabalho. “Estar na Bahia em um momento desses foi importante. Não perdemos um único posto de trabalho nestes últimos dois anos de crise que atingiu o Brasil inteiro e o desemprego cresceu. Aqui na nossa unidade, não perdemos um posto de trabalho”. Ele afirma que o objetivo é aproveitar a mão de obra da região. Os trabalhadores locais são cerca de 70% dos colaboradores. Camaçari tem se desenvolvido muito na questão educacional e técnica e a gente precisa disso. Aos poucos vamos chegar a 80% da mão de obra sendo de Camaçari”.
Hoje engenheiro de produção da Kimberly, Alan Cícero de Souza, 29 anos, começou como técnico, há quatro anos e meio. “Eu cheguei aqui na época da terraplanagem ainda, fomos para São Paulo para fazer treinamento. Hoje a gente vê a companhia crescendo”. Alan conta que a empresa oferece bolsas técnicas e de nível superior, além de flexibilizar os horários para conciliar com os estudos. “Hoje sou formado em engenharia mecânica, tenho minha casa, meu carro, consegui investir em terrenos, cresci muito desde que entrei aqui. O mais interessante é que eles dizem que nós é que começamos essa fábrica, que nós somos de Camaçari e região, que essa fábrica é nossa, é o nosso futuro. Eles investem muito pensando em longo prazo”.
Compartilhe Isso