Cantor agita pipoca novamente na Avenida Sete, além de show em bairro.
Artista avalia mudanças na carreira e na vida pessoal depois da fama.
O carnaval 2015 foi marcante para o cantor Igor Kannário. O artista arrastou uma multidão impressionante pelo circuito Dodô (Avenida Sete) e foi consagrado como uma das principais estrelas da música baiana. Em 2016 ele tem uma agenda mais extensa para o carnaval – que inclui participação no bloco da cantora Claudia Leitte, uma das musas da axé music.
No domingo (7) de carnaval, ele participa da programação do "Carnaval nos Bairros", animando os foliões na Praça da Revolução, bairro de Periperi, no Subúrbio. Na segunda-feira (8), mais uma vez ele puxa a "Pipoca do Kannário", às 13h, na Avenida Sete, e espera repetir o sucesso do ano anterior. "Agora a minha responsabilidade é maior e o desafio é atrair ainda mais gente", afirma.
Leia Também
Já na terça-feira (9), ele sobe ao trio da cantora Claudia Leitte, no bloco Largadinho. "É uma honra ser convidado dela, que é uma grande artista e uma pessoa espetacular. Me surpreendi muito com o jeito ‘doido’ e simples dela. Tivemos a felicidade de gravar uma música recentemente, chamada ‘Patricinha do Gueto’. Vamos cantar esse e outros pagodes juntos no carnaval".
Além de Claudia, Kannário também gravou recentemente com Xanddy, do Harmonia do Samba, por quem tem grande admiração. "Ele é uma fonte de inspiração para o meu trabalho, é um professor", comenta. As gravações estão no novo cd, intitulado, "#énósdenovo", que foi lançado no fim do ano passado e tem também uma gravação com o cantor Dan Miranda, da banda Avenida Se7e.
Outra parceria recente de Kannário é com o cantor Falcão, da banda O Rappa, que ele considera com oum amigo pessoal atualmente. Eles cantaram juntos no Réveillon de Salvador e passaram a virada do ano juntos. "Fizemos churrasco, trocamos ideias, compomos. Estamos planejando gravar um single, com direito a clipe e tudo mais". Igor convidou Falcão para cantar junto com ele na segunda (7) de carnaval, mas por enquanto a participação ainda não foi confirmada.
Para o artista, dividir palcos e letras com outros artistas é apenas uma das mudanças pelas quais a carreira profissional dele tem passado nos últimos meses. "Eu e minha equipe conquistamos mais respeito, mais credibilidade, visibilidade. Estamos fazendo mais shows. Tudo mudou".
A vida de celebridade fez com que Igor saísse da comunidade do Curuzu, onde morava, devido ao assédio dos fãs. Agora mora em um bairro de classe alta média alta, na orla da capital baiana. "Foram as próprias pessoas que me tiraram da favela. Eu tento fazer coisas normais e não posso. Mesmo não morando, eu estou sempre por lá, pois é onde vivem meus amigos, onde me sinto bem, seguro. Lá eu sou verdadeiramente Anderson Machado de Jesus".
Kannário diz ter uma boa relação com os fãs, mas admite que nem sempre tem paciência para atendê-los, o que já causou problemas diversas vezes. "Sou como qualquer pessoa que tem seus dias ruins, mas precisa honrar meus compromissos. Se não estou a fim de tirar foto, não tiro. Não vou sorrir se não estiver com vontade. Sou verdadeiro".
Polêmicas
Não foi só de casa que Kannário mudou. Ele garante que o comportamento melhorou. Conhecido pelo envolvimento em confusões, ele diz que "agora tem consciência da importância de ser um ídolo", servindo de espelho principalmente para jovens. Mesmo assim, continua se envolvendo em polêmicas.
Usuário de maconha, ele defende que a droga deve ser vendida pelo próprio governo, como forma de acabar com o tráfico. "Não a tenho como maconha, e sim como ‘bemconha’, pois ela me faz bem. A erva para mim é um calmante. Não sou um drogado que fuma todo dia, toda hora", revela.
Em uma das músicas mais novas dele, chamada "Xeque Mate" (a autoria é de Du Krieger, que tem composições gravadas Maria Rita, Ana Carolina e outros grandes nomens da MPB), defende a descriminalização do aborto.
A letra conta a história de uma jovem que tenta abortar, não consegue e rejeita o filho, que cresce às margens da sociedade, entra no mundo do crime e é morto. Antes de dar o último suspiro, ele vê a mãe e diz que preferia não ter nascido.
"Essa história é verídica, aconteceu no Rio de Janeiro e foi transformada em música. E é uma história que se repete em todo o Brasil. Mas só quem sofre com isso é a mulher pobre, a criança pobre, que morre sem nenhum tipo de assistência. Por isso que até hoje o aborto nunca foi discutido como realmente merece", opina.
Kannário se intitula como defensor dos pobres. "Antes eu era um rebelde sem causa e agora prefiro ser um rebelde com causa. E a minha causa é o povo". Apesar do discurso, ele diz que não tem vontade de se candidatar a nenhum cargo público. "Esse meio não é para mim. Sou uma pessoa honesta, limpa, e assim pretendo me manter".
Sonho
Aos 31 anos, Kannário quer dar voos mais altos. "Meu sonho é ver toda a minha equipe comprando casas para si, para suas mães. Também quero ter a minha, dar uma para a minha mãe. E ter meu estúdio".
Outro sonho, ele revela, é ter uma canção escolhida pelo povo como "Música do Carnaval". Em 2015, ele estourou com "Tudo Nosso Nada Deles", porém a canção não foi a mais votada do concurso. Sobre a atual música de trabalho, "É Nós de Novo", Kannário diz que é uma continuação do hit anterior. "Depois do povo é o povo de novo. Sem o povo não existe carnaval", conclui.
Informações de Carnaval de Salvador