A primeira atração do evento, no final da tarde desta sexta-feira (26), ocorreu nas ruas do Candeal com a apresentação da Grovelândia. Com produção da Pracatum Escola de Música e Tecnologia e Candyall Entertainment, o Nalata tem apoio da iniciativa privada e dos governos estadual e federal, por meio de programas e leis de incentivo à cultura.
De acordo com o diretor artístico do festival, Gerson Silva, as parcerias foram importantes para viabilizar o projeto. “É de fundamental importância as pessoas entenderem que ninguém faz nada sozinho. Para isso [o Nalata] estar acontecendo, tivemos que elaborar um projeto, submetê-lo a leis de incentivo até ser aprovado. Isso reflete na economia criativa mesmo”.
Do Rio de janeiro especialmente para participar do festival, a turista Tais Salgueiro disse que “a movimentação está bacana. Acho importante este projeto. [É] incrível para a cultura brasileira e afro-baiana, em especial”.
Instrumentos exclusivos
Até domingo quem comparecer ao Gueto Square terá a possibilidade de conferir a exposição Luthiers, com instrumentos musicais exclusivos. Um dos expositores, o empresário e percussionista Antônio Dimas Júnior, conhecido como Japa System, viu nas panelas a possibilidade de criar instrumentos percussivos e gerar renda.
Ele contou que a inspiração em criar as peças veio ainda na infância, quando ele utilizava as panelas da mãe, a quem se refere como uma “cozinheira de mão cheia”, para batucar. “Comecei a observar que aqueles instrumentos que ela utilizava para fazer comida poderiam ser meus instrumentos [musicais]. E foi o que aconteceu. Tem frigideiras, assadeiras, baldes, cuscuzeiro, forminhas de empada. Tive a necessidade de criar estes instrumentos, meus amigos me incentivaram a comercializar, e hoje se tornou mais uma fonte de renda”.
Sumidades do cenário musical baiano, entre eles, o músico e produtor musical Alexandre Lins, também passaram pelo Gueto Square no primeiro dia de evento. Lins, que já produziu CDs e DVDs de artistas como Ivete Sangalo, Saulo Fernandes, entre outros, disse que o Nalata valoriza os percussionistas e também a música baiana.
“Desde o advento do trio elétrico e da Axé Music, ficou claro que a música da Bahia é uma música percussiva. Não tem como falar da Bahia sem falar da percussão, que vem desde os terreiros de candomblé. Nossa tradição é pautada nisso”, disse Alexandre.
Participação feminina
Nos últimos anos, aumentou a participação feminina nas bandas de percussão. Em Salvador, há inclusive a Banda Didá, formada exclusivamente por mulheres. Para a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Olívia Santana, a realização do Nalata em um bairro como o Candeal aquece a economia da região.
“É um bairro popular. [O evento] faz girar a economia local. Há uma série de mulheres trabalhando neste evento, mulheres percussionistas também, que vão se apresentar. O Governo da Bahia está aqui, nesta parceria, apoiando este evento de Carlinhos Brown, que é genial. Fico feliz em encontrar o bairro vivo, mobilizado”. Os ingressos (R$ 20 e R$ 10) estão sendo vendidos no local. A programação completa pode ser acessada no site da Pracatum.