Esse sábado é dia de festa no Ilê Aiyê, quando será escolhida a 38ª Deusa do Ébano na Noite da Beleza Negra, em sua sede, na Senzala do Barro Preto. Mas, apesar da celebração, o tradicional bloco, fundado em 1974, passa por um de seus momentos mais complicados financeiramente com dívidas que chegam a R$ 600 mil.
A festa vai ocorrer graças ao trabalho voluntário, inclusive de artistas como Daniela Mercury, que não cobrará cachê. Elísio Lopes Jr., que dirige a cerimônia, também não será remunerado.
De acordo com o presidente do Ilê, Antonio Carlos dos Santos, o Vovô, os problemas financeiros dificultam, além da festa, a manutenção do bloco: “Estamos com salários atrasados. Não temos como pagar professores, socioeducadores e já não conseguimos manter projetos sociais importantes, como a Escola Mãe Hilda”.
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Petrobras
Segundo o diretor do Ilê Aiyê, José Carlos dos Santos, a principal razão das dívidas é o atraso de uma verba da Petrobras. De acordo com Zé Carlos, a estatal deve duas parcelas de um contrato de patrocínio vencido no final de 2015, sendo cada uma no valor de R$ 197 mil.
“O contrato venceu em 2015 e, a pedido da Petrobras, criamos um aditivo, prorrogando-o até março de 2016. A Petrobras tinha o compromisso de nos passar cerca de R$ 1,9 milhão. Repassou uns 40% disso à vista e pagou algumas parcelas, mas faltaram as duas últimas”, revela José Carlos, que dirige o Ilê desde o segundo ano do bloco.
De acordo com o diretor, a instituição acumula dívidas no valor de aproximadamente R$ 600 mil. “Esse é o nosso débito com fornecedores, funcionários e terceirizados. Os salários estão atrasados há sete meses e não temos como pagar o décimo terceiro”, revela José Carlos.
O Ilê Aiyê alega que enviou os relatórios pedidos pela Petrobras, comprovando a necessidade da verba, mas até hoje não obteve o dinheiro. O desfile de Carnaval, no entanto, está garantido, segundo Vovô, com patrocínio da Caixa e do governo estadual.
Até o fechamento desta edição, a Petrobras não havia se pronunciado. A empresa alegou que a sede da empresa, no Rio de Janeiro, fecha uma hora mais cedo que o habitual, em razão do horário de Verão.