O telefone de Wendell Lira não parou de tocar em 6 de novembro. Naquele dia, o jogador que buscava um clube e não sabia se conseguiria continuar jogando futebol começou a viver seu sonho. Ele estava na final do Prêmio Puskás, entregue pela Fifa ao autor do gol mais bonito do mundo. Tudo mudou a partir dali e na segunda-feira (11), em Zurique, chegou ao ápice. Ele superou Messi e foi o vencedor do prêmio.
Aos 26 anos, ele havia sido dispensado pelo Goianésia, clube pelo qual marcou o gol de que todos estão falando, contra o Atlético-GO, pelo Campeonato Goiano. Chegou a jogar no Tombense, na Série C, mas não ficou. Considerava que o futebol poderia ser deixado de lado para cuidar da mulher e da filha. Nenhum clube o queria. Ele chegou a abandonar a carreira para trabalhar na lanchonete da mãe em Goiânia.
A indicação ao Puskás veio no pior momento da carreira que começou nas categorias de base do Goiás. Ele ainda passou pela seleção sub 17 do Brasil. Nessa época fez amizade com Alexandre Pato, que nunca deixou os holofotes.
Mas, do pior momento ao ápice foram pouco mais de dois meses. Nesse intervalo viu o torcedor brasileiro conhecê-lo e ajudá-lo a conquistar o prêmio apontado por votação popular na internet. A fama o ajudou conseguir um contrato com o Vila Nova, recém-promovido para a Série B do Brasileirão.
O Prêmio Puskás foi criado como forma de homenagear o húngaro Ferenc Puskas e já premiou, desde 2009, jogadores como Cristiano Ronaldo e Ibrahimovic. James Rodriguez, da Colômbia, é o atual detentor do prêmio que já teve o brasileiro Neymar, com gol marcado em 2011 pelo Santos contra o Flamengo, como vencedor. Este hall de grandes nomes agora é ladeado por Wendell Lira, um jovem goiano que a partir de uma noite chuvosa no Serra Dourada teve a chance de recomeçar a carreira.