O ex-nadador Michael Phelps, dos Estados Unidos, declarou perante um comitê do Congresso norte-americano na última terça-feira (25) que as medidas antidoping “não foram suficientes” em um caso envolvendo nadadores chineses antes dos Jogos Olímpicos de Paris.
Phelps, a medalhista de ouro Allison Schmitt e Travis Tygart, diretor executivo da Agência Antidoping dos EUA, testemunharam perante os parlamentares do Subcomitê de Supervisão e Investigações do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados sobre as medidas implementadas pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês).
“Para mim, está claro que todas as tentativas de reforma na Wada foram insuficientes, e ainda há problemas sistêmicos profundamente enraizados que prejudicam a integridade dos esportes internacionais e o direito dos atletas a uma competição justa, repetidas vezes”, afirmou Phelps na audiência.
Phelps, que detém 28 medalhas olímpicas, é o atleta mais condecorado de todos os tempos nos Jogos Olímpicos. Já Schmitt conquistou 10 medalhas em quatro edições. Nenhum dos dois competirá em Paris.
Em abril, a Wada confirmou que quase duas dúzias de nadadores chineses testaram positivo para trimetazidina, uma substância proibida encontrada em medicamentos cardíacos, antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.
Schmitt pediu aos parlamentares que responsabilizem a Wada e o sistema antidoping global.
“Se vencermos, que seja porque merecemos. E se perdermos, que seja porque a competição foi justa”, declarou Schmitt.
A Wada foi convidada a testemunhar, mas recusou-se, citando o foco da audiência no caso dos nadadores chineses.
“A Wada considera inadequado participar de um debate político perante um comitê do Congresso dos EUA sobre um caso de um país diferente, especialmente enquanto uma revisão independente sobre o tratamento do caso pela Wada está em andamento”, disse a organização em comunicado.
A Wada defendeu vigorosamente seus processos e o tratamento inicial do caso antes de anunciar uma revisão independente.
A agência antidoping da China alegou que os nadadores foram expostos à substância proibida inadvertidamente por contaminação e que não deveriam ser responsabilizados pelos resultados positivos. A equipe de natação chinesa, composta por 31 membros, foi convocada este mês.
Phelps também mencionou em seu depoimento que possui amigos próximos afetados pelo caso.
“Muitos deles viverão com os ‘e se’ pelo resto de suas vidas”, afirmou Phelps. “Como atletas, nossa confiança não pode mais ser depositada cegamente na Agência Mundial Antidoping, uma organização que constantemente demonstra ser incapaz ou não estar disposta a aplicar suas políticas de forma consistente em todo o mundo.”