São 53 dias desde o dia que nunca vai acabar. Em 29 de novembro de 2016, caía, no hoje rebatizado Cerro Chapecoense, o voo 2933 da empresa boliviana LaMia, que transportava 77 pessoas, entre elas, jogadores, dirigentes e comissão técnica da Chapecoense, além de jornalistas, para Medellín, onde a equipe catarinense enfrentaria o Atlético Nacional na primeira partida da final da Copa Sul-Americana. Ao todo, 71 morreram, sendo 19 jogadores da Chape.
Este sábado (21) é dia de recomeçar. Depois do luto, das milhares de homenagens e da solidariedade – ainda existem e vão continuar -, a Chape volta a campo, às 15h30, num amistoso contra o Palmeiras, exatamente o último adversário que o clube havia enfrentado antes do acidente.
A partida acontece na Arena Condá, em Chapecó, e terá muitas homenagens ainda. Os três jogadores sobreviventes, o zagueiro Neto, o lateral-esquerdo Alan Ruschel e o goleiro Jackson Follman, entrarão em campo para receber as medalhas e troféu de campeão da Copa Sul-Americana (o Atlético Nacional abriu mão da disputa). Um total de 42 medalhas serão entregues aos familiares das vítimas da tragédia e Palmeiras receberá as faixas de campeão brasileiro de 2016.
O estádio estará cheio e metade da renda ficará com o clube e a outra metade será dada aos familiares das vítimas. Para se ter uma ideia, membros da imprensa de nove países estão credenciados para a cobertura da partida. Da Espanha, a Chape receberá camisas autografadas de todos os clubes da 1ª divisão da Liga Espanhola.
FISIOTERAPIA
Nesta sexta (20), o lateral Alan Ruschel iniciou a fisioterapia no clube. Ele foi recebido por colegas que não estavam no voo (o meia Neném, o volante Moisés e o atacante Martinuccio), novos companheiros e uma pequena torcida presente na Arena Condá.
Além dele, o zagueiro Neto também já recebe tratamento do clube. Os dois tiveram uma série de fraturas, mas devem voltar aos gramados no início do segundo semestre. Já o goleiro Jackson Follman segue em tratamento num hospital de Chapecó. Ele teve parte da perna direita amputada. Outro sobrevivente da tragédia, o jornalista Rafael Henzel narrará a partida deste sábado (21).
RETRIBUIÇÃO
Três jogadores que estiveram na dupla Ba-Vi em 2016 fazem parte do elenco da Chapecoense nesta temporada. O lateral-esquerdo Diego Renan, ex-Vitória, o volante Luiz Antônio e o atacante Wesley Natã, ex-Bahia. Este último é cria da base do time catarinense e estava emprestado ao tricolor em 2016.
“Foi um baque (o acidente). Agora, não só eu como todos os jogadores, buscamos representar aqueles que se foram. E manter o que era a Chapecoense, um time unido, diretoria e jogadores, com o mesmo objetivo. Voltei pra ajudar”, diz Natã, 21 anos, e desde o final de 2014 na Chape. Ele revela que conhecia todos os 19 jogadores que morreram e tinha uma boa relação com o goleiro Danilo.
“É um privilégio enorme estar fazendo parte dessa reconstrução. Me sinto muito honrado”, garante Diego, que conta como tem sido o dia a dia em Chapecó. “O carinho que a gente tem recebido na cidade é impressionante. A receptividade das pessoas é muito diferente. O que a gente vai fazer em campo vai ser uma maneira de retribuir todo esse carinho que temos recebido fora dele”, conta.
A presença do zagueiro Neto na reapresentação emocionou ambos. “Quando a gente viu ele entrando, foi um milagre”, diz Natã. “Com ele, a gente ganha ainda mais força pra poder fazer nosso trabalho. É um guerreiro”, afirma o lateral.