De volta desde o último domingo ao conforto do seu lar, em Curitiba (PR), Marcelo Alves, de 42 anos, especialista em provas extremas, ainda festeja seu maior êxito esportivo. Ele foi o 4º colocado, conseguindo completar todas as provas do Desafio da Maratona Mundial, inédita competição em que 12 competidores disputaram sete maratonas (42,2 km) consecutivamente, uma por dia. Cada uma num continente distinto.
O começo da jornada foi em 17 de janeiro, na Antártida. Até a corrida final, em Sydney, na Austrália (Oceania), ela passou por Punta Arenas, no Chile (América do Sul), Miami, nos EUA (América do Norte), Madri, na Espanha (Europa), Marrakech, no Marrocos (África) e Dubai, nos Emirados Árabes (Ásia).
Não bastasse o descanso precário no avião, os atletas tiveram de lidar com grandes variações térmicas. Iniciaram a disputa, por exemplo, sob -25° C no Polo Sul e a fecharam a 20° C, na Austrália.
Além de todo o sacrifício físico, Alves ainda passou por uma situação inusitada quando seu corpo já estava no limite do desgaste.
“Em Sydney, cada atleta tinha um guia de bicicleta. Porém, o meu se perdeu e errou o caminho. Tive de correr 2 km a mais do que os outros competidores. Na hora, fiquei puto (risos). Mas a raiva passou logo. Eu não podia ficar chateado com o guia, que não fez de propósito. No final, o que valeu foi que consegui completar todas as provas e a sensação que tive ao cruzar a linha de chegada em Sydney. Entrei para a história em uma prova inédita, a mais difícil da minha vida”, declarou o brasileiro.
Pé inchado
Seu momento mais dramático foi na quarta maratona, em Madri. “Curiosamente, era para ser a mais tranquila, pois as condições eram perfeitas (10° C) e a prova era plana. Mas fiz parte da maratona com um pé inchado, pois tinha torcido. Foi um grande sacrifício. Tanto que, quando cruzei a linha de chegada, parei na hora. Ali mesmo, já iniciei o tratamento intensivo, com gelo e anti-inflamatório, pois tinha de estar inteiro para a maratona de Marrakech. Ainda bem que deu tudo certo”, disse.
“Foi uma grande luta pela superação. A pressurização do avião dificultava a recuperação. Em média, tivemos quatro horas por dia para dormir. Para mim, foi extraordinário ficar em 4º lugar, até porque competi com feras e não sou atleta profissional. Tenho minha família, minha profissão (administrador de empresas) e só treino à noite”, finalizou.