Por uma investigação em curso pela operação “Fiscalía”, do Ministério Público (MP) da Espanha, foi descoberto que uma quantia doada pela família de Neymar ao lateral Daniel Alves, condenado por estupro, está sendo analisada. A doação de 150 mil euros (R$ 806 mil reais), feita pela defesa de Alves com a ajuda de Neymar, levantou questões sobre a “atenuante de reparação de dano”, um mecanismo jurídico que reduziu a pena do ex-jogador baiano.
A operação “Fiscalía” está considerando solicitar a anulação da atenuante, argumentando que o valor doado por Neymar não deveria ser considerado como uma reparação do dano. Segundo o jornal espanhol “El Mundo”, a promotoria alega que a doação não deve ser aceita como forma de indenização antecipada. Já a defesa de Alves defende que o dinheiro deve ser repassado à vítima, que ainda não concordou com a proposta.
A controvérsia em torno da atenuante levanta a questão da igualdade perante a lei, com promotores e defensores da vítima questionando se a aplicação da medida seria discriminatória, privilegiando o jogador devido às suas condições financeiras.
Daniel Alves foi condenado a quatro anos de prisão por um tribunal espanhol após ter sido considerado culpado de estuprar uma mulher no banheiro de uma boate em Barcelona no final de 2022.
Diante do cenário, o caso tem gerado debate acalorado tanto na Espanha quanto no Brasil, país de origem de Neymar e de onde veio a doação polêmica. A questão da influência do poder financeiro na justiça, assim como a possibilidade de se utilizar doações como forma de barganha jurídica, são temas em destaque nas discussões sobre o caso.
Além disso, a recusa da vítima em aceitar a quantia doada acrescenta mais complexidade ao caso, levantando questionamentos sobre o papel das vítimas de crimes de violência sexual no contexto da justiça criminal.
Enquanto o MP espanhol segue com as investigações, a pressão da opinião pública e da mídia sobre o desdobramento do caso só aumenta. A transparência e imparcialidade do sistema judicial estão em jogo, assim como a reputação tanto de Daniel Alves quanto de Neymar, envolvidos em uma situação delicada que vai além do mundo do futebol.