Justiça suspeita que amistoso do Brasil foi usado para compra de votos de 2022

Por Redação
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Um amistoso da seleção brasileira está sob suspeita de ter sido usado pelo Catar para comprar o voto de Ricardo Teixeira para a Copa do Mundo de 2022. A reportagem revelou com exclusividade que as autoridades suíças fizeram uma operação para confiscar documentos e interrogar dirigentes na sede da Kentaro na Suíça, empresa que entre 2006 e 2012 organizou os jogos da seleção em nome de investidores sauditas.

O Ministério Público da Suíça investiga as escolhas das Copas do Mundo de 2022 e 2018 pela Fifa e alegações e documentos apontam que o jogo entre Brasil x Argentina em Doha, em 2010, foi a forma pela qual o Catar pagou propinas para Ricardo Teixeira e Julio Grondona para garantir o Mundial de 2022. Eles eram os presidentes das duas federações nacionais e votavam para a escolha da sede.

A alta cúpula da Kentaro confirmou a operação da Justiça, que ocorreu no mesmo dia em que José Maria Marin foi preso em Zurique. Mas garantiu que estão colaborando e foram eles mesmos que entregaram para o investigador independente da Fifa, Michael Garcia, provas em relação ao jogo. “Somos testemunhas no caso há dois anos”, indicou Philipp Grothe, chefe da empresa. A Kentaro não está sob investigação e coopera com o Ministério Público suíço. Grothe foi solicitado a prestar esclarecimentos sobre o jogo e explicar o fluxo de dinheiro para cada uma das federações nacionais.

O MP suíço ainda apresentou gráficos mostrando o que seria uma investigação do FBI sobre a CBF. As investigações sobre o Catar confirmam a reportagem da Agência Estado que, em 2013, revelou com exclusividade como os amistosos da seleção eram usados por cartolas para o enriquecimento de dirigentes e troca de favores. Os recursos passavam ainda por paraísos fiscais e contas em Andorra. A Fifa fez uma investigação, mas concluiu que o dinheiro daquela partida não estaria “conectado” com a compra de votos para que o Catar recebesse a Copa de 2022.

A reportagem apurou que cada federação recebeu três vezes o valor de uma partida normal. Dois contratos separados foram assinados. Um deles trazia o valor oficial. O outro seria para o dinheiro que beneficiaria cartolas. Oficialmente, o Catar indicou que gastou 4 milhões de euros no jogo e, naquele momento, o discurso de seus cartolas era de que a partida era uma forma de mostrar que o país estava “pronto para receber o Mundial”. Três semanas depois, tanto o Brasil como a Argentina votaram pelos árabes na escolha da sede da Copa em Zurique. Mesmo negando a relação entre o jogo e o voto, a Fifa sugere que, a partir de agora, amistosos em países que concorrem a um evento sejam “mais transparentes”.

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O alerta não é por acaso. Naquele mesmo dia do jogo, o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assinaria uma extensão do contrato com uma empresa árabe, a ISE, prolongando os direitos da companhia até 2022 para organizar os amistosos da seleção. Teixeira declarou ainda que votou pelo Catar e era um aliado de Mohamed Bin Hammam, do Catar.

EMPRESA
O informe da Fifa apontaria que uma empresa que pertencia a um conglomerado do Catar “financiou o evento” e, portanto, não seria uma compra de votos. “Um rico sócio da entidade do Catar organizou o apoio, supostamente para fazer lobby por um investimento no setor do esporte”, indicou o informe, sem dar detalhes. Segundo os organizadores da Copa de 2002, a entidade que pagou pelo evento não tem relação com o torneio da Fifa nem com a Associação de Futebol do Catar.

De acordo com esses dirigentes, “os fundos para organizar o jogo não vieram do Catar 2022 nem da Associação e o total pago para financiar o jogo era comparável às taxas que se pagam por outros jogos envolvendo times de elite”. Apesar da versão dos dirigentes, a investigação indicou que os contratos para o jogo podem ser violações do Código de Ética da Fifa. Mas o MP e o FBI suspeitam que a conclusão da Fifa não seja verdade. A reportagem apurou com exclusividade que a empresa que pagou o amistoso entre Brasil e Argentina em 2010, em Doha, foi a Ghanim Bin Saad Al Saad & Sons Group Holdings (GSSG), que é a responsável por obras da Copa de 2022.

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