Um dia achamos que o esporte paixão nacional, que também já permitiu sermos acusados de ter “complexo de vira-latas”, seria apenas romântico e sem influência do poder econômico.
Sonhamos, e tinha sempre a quase certeza, da superioridade diante de todos ou qualquer um adversário.
A “pátria de chuteiras” hoje vive outra realidade que abala o prestígio, faz desconfiar da nossa qualidade e muitos, talvez alguns, consideram que seremos em breve superados em razão de vários fatores, entre eles, a desorganização, e algo que faz parte do mundo dos negócios e todas as ações empreendidas no País: a corrupção.
Aliado a essas questões estamos num país emergente com sérios problemas na economia e que não garante estabilidade a nenhum profissional, seja econômica ou social.
Quem aqui começa no futebol, passa alguns anos e não consegue vencer na carreira, pode ter uma vida indigna como cidadão.
A maioria dos clubes não privilegia a formação do cidadão nas divisões de base, mas apenas do “atleta”, que fracassa no campo esportivo e precisa dar continuidade à vida sem ter preparação para tal.
Aos 24 ou mais anos, descobre que no futebol não vai vencer e precisa recomeçar. Esse lado afeta o crescimento profissional pela falta de base na escolarização.
Uma saída também nem sempre vitoriosa é jogar em clubes do exterior.
Quando vão para o primeiro mundo do futebol alguns se tornam atletas de sucesso e bem sucedidos financeiramente.
Com isso, o poder econômico de nações do “Velho Continente” elimina a esperança de termos o retorno do futebol de primeira nos gramados brasileiros, especialmente, nos campeonatos estaduais, excluindo os 4 grandes: SP, RJ, RS e MG.
Nas demais praças, os jogadores ou promessas, saem hoje em qualquer idade em troca de uma estabilidade nem sempre certa, pois vai depender do desempenho “esportivo”. Se não acontecer, volta ao “status” anterior para viver o pesadelo do sonho que não se concretizou.
E não adianta dirigentes, torcida e, principalmente a imprensa – que mais torce do que analisa – continuar no “achismo” de que podemos resolver essa situação.
Somos ainda, e por muito tempo, uma nação “emergente” com graves e sérios problemas sociais e que precisa de reformas reais para equilibrar as classes com um distanciamento somente visto entre nós.
Isso nos coloca apenas em posições muito longe de termos os “craques” no Brasil. Quase todos jogam nos clubes europeus. Dos 100 maiores, pelo menos, 85 estão fora do Brasil. Neste ano, mais de 350 promessas ou a caminho da consagração, já deixaram o país.
Em termos de receita, enquanto Real Madrid, Barcelona, Manchester United, PSG, Bayern de Munique e outros superam a casa de mais de R$ 1,5 bilhão, não chegamos a R$ 300 milhões.
Em termos de presença de público nos estádios, entre os 100 maiores, temos apenas o Cruzeiro na 70ª e Santa Cruz na 89ª posição com média inferior a 29 mil e 26 mil torcedores respectivamente, quase um terço dos grandes: Borussia Dortmund.
Entre os 10 primeiros, há 6 clubes Alemães (sendo 1 da 2ª divisão), 2 Ingleses e 2 Espanhóis.
Em toda a lista há clubes de 18 países diferentes. A Alemanha lidera com 25 times, seguidos por 16 da Inglaterra, 7 da Espanha e 7 da Itália, França e Argentina. O Primeiro clube não Europeu da lista é o Argentino River Plate, 14º colocado com média de 49,4 mil torcedores por jogo, seguido pelo América do México, 25º com 44,6 mil. Entre os 22 clubes não Europeus há 7 da Argentina, 4 do México, China e Japão, 2 do Brasil e 1 dos EUA.
Entre os principais, quase todos são da Europa, para onde vão nossas craques e também as promessas.
O Bahia é apenas o 169° com média 18 mil 449 de público e o Vitória 239° com média de 14 mil 780 torcedores no estádio.
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