Celebrações de Páscoa têm início com Santa Missa e ritual tradicional de lava-pés, que incluiu muçulmanos, cristão ortodoxo e budista. Em discurso em presídio, pontífice critica pena de morte: “Não é humana nem cristã”. O papa Francisco deu início às celebrações de Páscoa nesta quinta-feira (29/3) com uma visita a um presídio em Roma. No local, ele lavou e beijou os pés de 12 detentos – entre eles homens de outras religiões -, realizando mais uma vez o tradicional ritual da Quinta-feira Santa em uma prisão.
A visita ocorreu no presídio Regina Coeli, no centro da capital italiana. Após um breve encontro privado com alguns detentos enfermos, o pontífice celebrou a Santa Missa e falou sobre a humildade de Jesus exemplificada pelo ritual de lava-pés.
Segundo Francisco, o sentimento de humildade é essencial também entre os líderes mundiais. Muitas guerras poderiam ter sido evitadas em todo o mundo se mais líderes tivessem se considerado servos do povo, em vez de seus comandantes, afirmou o pontífice.
Ele também fez um discurso exaltado contra a pena de morte, afirmando que uma “punição que não está aberta à esperança não pode ser considerada cristã ou humana”. “Todo castigo deve estar aberto ao horizonte da esperança. Por isso, a pena de morte não é nem humana nem cristã.”
Desde que foi escolhido papa, em 2013, Francisco defendeu diversas vezes a abolição mundial da pena de morte, arrancando críticas de conservadores católicos, em especial nos Estados Unidos. A Igreja Católica apoiou a pena capital em casos extremos durante séculos, um posicionamento que começou a mudar no papado de João Paulo 2º, morto em 2005.
Quebra de protocolos
Os 12 detentos que participaram do rito de lava-pés nesta quinta-feira eram nacionais de diferentes países: além da Itália, vieram também da Colômbia, Filipinas, Marrocos, Moldávia e Serra Leoa. Entre eles havia oito católicos, dois muçulmanos, um cristão ortodoxo e um budista.
De acordo com a tradição cristã, Jesus lavou os pés de seus 12 apóstolos na quinta-feira antes da Páscoa. O ritual foi repetido por alguns papas, que costumavam marcar o fim da quaresma na Basílica de São João de Latrão lavando os pés apenas de sacerdotes. A cerimônia era ainda limitada aos homens, já que todos os apóstolos de Jesus eram do sexo masculino.
Francisco não foi o primeiro papa a lavar os pés de desamparados – João Paulo 2º frequentemente o fazia em órfãos e sem-teto -, mas quebrou precedentes em 2013 ao realizar o ritual fora dos limites do Vaticano. Naquele ano, ele lavou e beijou os pés de 12 internos em uma prisão juvenil em Roma.