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Repressão a protestos na Líbia deixa saldo de muitos mortos

Pelo menos 173 pessoas morreram em quatro dias de protestos na Líbia, de acordo com a Human Rights Watch. Houve protestos também no Marrocos, Argélia, Iêmen, Barein, Omã, Kuwait e em Djibuti.

Pelo menos 173 pessoas foram mortas em quatro dias de protestos na Líbia, segundo afirmou neste domingo (20/02) a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch. Testemunhas afirmaram que as forças de segurança dispararam contra dezenas de manifestantes contrários ao governo. Aconteceram também manifestações por democracia e reformas sociais no Marrocos, Argélia, Iêmen, Barein, Omã e no Kuwait, assim como emDjibuti.

Os distúrbios na Líbia, os piores em quatro décadas do regime de Muammar Kadafi, começaram como uma série de protestos inspirados nas revoltas no Egito e na Tunísia, mas foram combatidas pelas forças de segurança com feroz repressão.

Do alto de prédio, guardas atiraram em cortejo fúnebre

Testemunhas na cidade de Benghazi,a segunda maior do país, disseram que no sábado forças de seguranças se retiraram rumo a um complexo fortificado no centro da cidade, de onde disparam contra membros de cortejos fúnebres de manifestantes mortos nos dias anteriores.“Dezenas de pessoas foram mortas”, afirmou uma testemunha. “Estamos em meio a um massacre”, complementou. O homem afirmou que havia ajudado as vítimas a chegar até um hospital de Benghazi.

Rifles de alta velocidade

A Human Rights Watch,  sediada em Nova York, afirmou que a cifra de mortos subiu para 173 no domingo. Um médico de um hospital de Benghazi afirmou que as vítimas tinham feridas graves, feitas com rifles de alta velocidade.

A situação é confusa, já que o governo restringe acesso da mídia e bloqueou alguns serviços de comunicação, dificultando uma confirmação independente das informações. Repórteres estrangeiros não podem entrar no país e jornalistas líbios foram impedidos de chegar em Benghazi, cidade portuária onde o apoio a Kadafi é bem menor do que em outras regiões. Além disso, a rede de telefonia celular no leste do país, onde os protestos estão concentrados, foi frequentemente interrompida e as conexões de internet também foram interrompidas.

Apelo de religiosos contra massacre

A repressão sangrenta levou cerca de 50 líderes religiosos muçulmanos a fazer um apelo escrito para que membros das forças de segurança, enquanto muçulmanos, detenham o massacre.  “Apelamos a cada muçulmano dentro do regime ou que o esteja apoiando a reconhecer que a matança de seres humanos inocentes é proibida por nosso Criador”, pedia o texto.

A oposição contabilizou o número de mortos em mais de 200 pessoas. O site oposicionista Libya al-Youm registrava no domingo a cifra de 208 pessoas mortas. Na cidade de Benghazi, ainda segundo a oposição, parte dos soldados teria se unido aos manifestantes. Algumas cidades, de acordo com informações dos dissidentes, teriam sido total ou parcialmente “libertadas”.

O governo líbio culpa uma “conspiração estrangeira” como responsável pelos distúrbios. A agência estatal de notícias Jana noticiou na noite de sábado que as forças de segurança teriam prendido membros de um grupo de conspiradores, incluindo palestinos, tunisianos e sudaneses.

Protestos também em outros países árabes

Pela primeira vez desde o início dos protestos em massa no mundo árabe, também no Marrocos pelo menos 2 mil pessoas participaram de manifestações por reformas. Na capital, Rabat, manifestantes reivindicaram no domingo a redução dos poderes do rei Mohammed.

Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Benghazi, no leste do país, é o centro dos protestosNa Tunísia, onde começaram as revoltas, milhares de pessoas se reuniram na capital, Túnis, para pedir a renúncia do governo de transição, apesar da atual proibição de manifestações.

No Iêmen, onde os protestos contra o governo ocorrem já há nove dias, partidários do presidente Ali Abdullah Saleh atiraram em manifestantes na capital, Sana. Passeatas por democracia aconteceram também na Argélia, Barein, Omã e no Kuwait e no pequeno Estado de Djibuti.

O Egito volta aos poucos à normalidade, após a queda do presidente Hosni Mubarak. Os bancos abriram novamente no domingo, após uma semana fechados, e o Museu Egípcio no Cairo, assim como as pirâmides, foram novamente abertos para os turistas estrangeiros. Nos últimos dias, houve diversas greves no país, incluindo a de policiais e funcionários de bancos estatais, que foram às ruas cobrar melhorias de pagamento e nas condições de trabalho

MD/rtrs/dpa
Revisão: Soraia Vilela

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