O Iêmen, país mais pobre da Península Arábica, vive um conflito sangrento desde que, em 2014, os rebeldes huthis xiitas, apoiados pelo Irã, tomaram a capital, Sanaa.
A guerra deixou até agora 10 mil mortos e mais de 56 mil feridos desde 2015, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, acredita-se que o balanço real seja muito maior.
O conflito está provocando a pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU, que estima em 14 milhões o número de pessoas em situação de pré-fome.
Cerca de 85 mil crianças morreram de fome ou de doenças entre abril de 2015 e outubro de 2018, de acordo com estimativas da ONG Save The Children.
Em 26 de março de 2015, nove países comandados pela Arábia Saudita lançaram uma operação aérea para conter o avanço dos rebeldes huthis para o sul do Iêmen. Entenda:
A revolta em Sanaa
Em julho de 2014, os huthis, que se opõem ao poder central há uma década, lançaram uma ofensiva de seu reduto em Sada (norte). Contam com o apoio do Irã, que desmente, no entanto, qualquer ajuda militar.
Em 21 de setembro, os rebeldes, aliados às unidades leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, entram em Sanaa. Após intensos combates, tomam o controle da sede do governo e da rádio estatal.
Em 14 de outubro, apoderam-se do porto de Hodeida (oeste), no Mar Vermelho, e depois avançam para o centro.
Em 20 de janeiro de 2015, após novos combates, os huthis se apoderam do Palácio Presidencial em Sanaa e cercam a residência do presidente Abd Rabo Mansur Hadi, que foge para Áden (sul).
Intervenção da coalizão árabe
Em 26 de março de 2015, uma coalizão de vários países árabes, liderada pela Arábia Saudita, vizinha do Iêmen, lança uma operação aérea para combater o avanço dos rebeldes para o sul. Hadi e refugia em Riad.
Em julho de 2015, o governo anuncia a “libertação” da província de Áden, primeira vitória das forças leais, apoiadas pela coalizão. Áden se torna capital provisória do país.
As forças leais completam até meados de agosto a retomada de cinco províncias do sul, mas têm dificuldades em assegurá-las ante a presença de jihadistas, como a rede Al Qaeda e o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Em outubro, recuperam o estreito de Bab al Mandeb, por onde transita boa parte do tráfico marítimo mundial.
A coalizão foi integrada por Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrein, Kuait, Egito, Jordânia, Senegal, Marrocos, Sudão e Qatar – este último até 2017, quando eclodiu uma crise diplomática entre o país e outras nações árabes, lideradas novamente pelos sauditas.
Fissuras
Em 23 de agosto de 2017, a direção dos huthis qualifica de “traidor” o ex-presidente Saleh, que os tinha tratado de “milicianos”. A crise degenera em Sanaa, com combates violentos entre aliados.
Saleh é assassinado no começo de dezembro de 2017 pelos rebeldes, que aproveitam, assim, para reforçar seu controle da capital. O campo leal também sofre divisões e os separatistas sulistas se voltam contra o campo presidencial em Áden.
Mísseis contra a Arábia Saudita
Os insurgentes intensificaram desde novembro de 2017 o lançamento de mísseis contra a Arábia Saudita, que acusa o Irã de proporcionar-lhes este tipo de armamento. Os iranianos negam.
Fracasso das discussões de paz
Em 8 de setembro de 2018, as discussões patrocinadas pela ONU, as primeiras em mais de dois anos, fracassam em Genebra mesmo antes de começar, já que os rebeldes decidem não ir. No dia seguinte, os combates ao redor da cidade portuária de Hodeida deixam mais de 80 mortos.
Ofensiva em Hodeida
Em 18 de setembro, as forças pró-governamentais e a coalizão árabe anuncia a retomada da ofensiva para expulsar os rebeldes de Hoideida, ponto de entrada essencial para a ajuda humanitária ao país. A ofensiva começa em julho, mas a coalizão interrompe suas operações durante o verão no hemisfério norte.
Em novembro, 12 dias de bombardeios e combates entre rebeldes e leais terminaram com quase 600 mortos nos dois lados.
Chamados a pôr fim à guerra
Em 30 de outubro, os Estados Unidos pediram que se ponha um fim à guerra e em particular aos ataques aéreos da coalizão liderada pela Arábia Saudita.
Em 21 de novembro, o enviado da ONU, Martin Griffiths, começa consultas para manter diálogos de paz. Ele se reúne com líderes rebeldes em Sanaa e depois com líderes iemenitas exilados em Riad.
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