Talibã reprime protesto por direitos das mulheres em Cabul

Por Redação
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Mulheres afirmam que Talebã as alvejou com gás lacrimogêneo e spray de pimenta enquanto tentavam caminhar de uma ponte até o palácio presidencial
Imagem: GETTY IMAGES
Combatentes do Talibã interromperam neste sábado (4/9) uma manifestação de dezenas de mulheres em Cabul. Elas estavam protestando por seus direitos depois que o Afeganistão foi tomado pelo grupo.

As mulheres afirmam que o Talibã as alvejou com gás lacrimogêneo e spray de pimenta enquanto tentavam caminhar de uma ponte até o palácio presidencial.

O Talibã, por sua vez, afirmou que o protesto saiu do controle, de acordo com o serviço de notícias afegão Tolo News.

É o mais recente de vários protestos de mulheres em Cabul e Herat, a terceira maior cidade do Afeganistão.

As mulheres reivindicavam o direito de trabalhar e serem incluídas no governo.

O Talibã diz que anunciará a composição de seu governo nos próximos dias, e já declarou que as mulheres poderão se envolver no governo, mas não ocupar cargos ministeriais.

Muitas mulheres temem um retorno à forma como eram tratadas quando o Talibã estava no poder, entre 1996 e 2001. As mulheres foram forçadas a cobrir o rosto, e punições severas eram aplicadas por pequenas transgressões.

Video: A number of women rights activists and reporters protested for a second day in Kabul on Saturday, and said the protest turned violent as Taliban forces did not allow the protesters to march toward the Presidential Palace. #TOLOnews pic.twitter.com/X2HJpeALvA

— TOLOnews (@TOLOnews) September 4, 2021
“Vinte e cinco anos atrás, quando o Talibã chegou, eles me impediram de ir à escola”, disse a jornalista Azita Nazimi à Tolo News.

“Depois de cinco anos de governo deles, eu estudei por 25 anos e trabalhei muito. Pelo bem do nosso futuro, não vamos permitir que isso aconteça.”

Outro manifestante, Soraya, disse à Reuters que combatentes do grupo usaram carregadores de armas para bater na cabeça de mulheres durante o protesto, deixando-as ensanguentadas.

Enquanto isso, no fim de semana, houve confrontos no Vale Panjshir, ao norte de Cabul, onde combatentes da resistência frustraram os esforços do Talibã para tomar o controle da região.

O vale, que fica em uma província de mesmo nome, tornou-se um centro de resistência isolado no país contra o Talibã, formado por combatentes de diferentes etnias e ex-membros das forças armadas afegãs – supostamente na casa dos milhares.

Mas o Talibã afirma ter assumido o controle de mais dois distritos e diz estar se dirigindo para o centro da província de Panjshir.

Um porta-voz da Frente de Resistência Nacional do Afeganistão disse que os combates continuavam lutando e que milhares de combatentes do Talibã haviam sido cercados.

O Vale Panjshir, que abriga entre 150 mil e 200 mil pessoas, foi um centro de resistência quando o Afeganistão estava sob ocupação soviética na década de 1980 e durante o período anterior de governo do Talibã.

O líder da Frente de Resistência Nacional, Ahmad Massoud, elogiou os protestos de mulheres e disse que Panjshir segue resistindo.

Nenhuma das alegações da Frente de Resistência Nacional ou do Talibã pôde ser verificada de forma independente.

No sábado, o general americano Mark Milley, chefe do Estado-Maior dos EUA, questionou se o Talibã seria capaz de fazer a transição de uma força insurgente para um governo, dizendo que havia uma “boa probabilidade” de guerra civil.

“Isso, por sua vez, levará a condições que podem, de fato, levar à reconstituição da Al-Qaeda ou ao crescimento do EI [grupo extremista autodenominado Estado Islâmico]”, disse ele à Fox News.

No Reino Unido, em entrevista à BBC, o chefe das Forças Armadas, general Nick Carter, defendeu a inteligência militar contra as críticas de que ela falhou em prever o avanço do Talibã, dizendo que até os próprios combatentes ficaram surpresos com a facilidade com que assumiram o controle do Afeganistão.

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