Último jogo do Tricolor com mando de campo oficial no estádio será neste domingo, contra o Juazeirense. Fonte Nova será reinaugurada em 7 de abril
A vida é feita de ciclos. Encontros e despedidas. Chegadas e partidas. Neste domingo, mais um ciclo se encerra para o Bahia. O jogo contra o Juazeirense será o último da equipe com mando de campo oficial em Pituaçu. Quatro anos depois da reinauguração, a relação dá um tempo. Alegrias e tristezas acompanharam as cores azul, vermelha e branca na arquibancada colorida. O estádio se viu transformado em uma aquarela tricolor em diversas oportunidades. Foi o palco do Hino Nacional cantado à capela pela torcida. Testemunha de sucessos e derrotas. Relação curta, mas suficiente para dizer, no embalo de Roberto Carlos: “Já está chegando a hora de ir, venho aqui me despedir e dizer: em qualquer lugar por onde eu andar vou lembrar de você”.
O nome oficial é Estádio Governador Roberto Santos. Mera formalidade. O nome de batismo tem sido utilizado apenas em documentos oficiais. No dia a dia, virou Pituaçu. Herdou o nome do Parque Metropolitano onde está inserido, palavra de origem indígena que quer dizer camarão. Na voz e na alma do torcedor do Bahia, é ainda mais íntimo: PituAço.
Há quem diga que o clube e o estádio nunca tiveram uma sintonia perfeita. Culpa da relação quase embrionária com a Fonte Nova. Os críticos falam que a alma do estádio, considerado uma casa provisória, não é a mesma. Realmente há uma grande diferença entre a antiga Fonte Nova e o atual Pituaçu. O estádio que serviu de casa para o Bahia até este domingo tem nível internacional e estrutura quase impecável. Digno de elogio e reverência do coordenador da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira:
- É o melhor estádio disparado que visitamos. Que sirva de modelo e exemplo para os outros – disse após uma vistoria, em fevereiro deste ano.
Parreira vistoriou e aprovou o estádio de Pituaçu
em fevereiro deste ano (Foto: Eric Luis Carvalho)Exuberância distinta do que tinha sido vivido até então pelo torcedor do Bahia, dito o clube do povão no estado. Mas o torcedor soube se adequar. Um capricho aqui, um novo costume ali, e Pituaçu – ou melhor, PituAço – foi capaz até de formar uma nova geração de torcedores. Geração que se despede neste domingo com um saldo muito mais positivo, em números reais, do que os saudosos pela Fonte Nova imaginam.
Foram 139 jogos em Pituaçu. Setenta e duas vitórias, 39 empates e 28 derrotas. Um aproveitamento de 61,15%. Lá, o Bahia retornou à Série A, quebrou um longo jejum de títulos e voltou a disputar uma competição internacional. Abriu essa sequência na estreia do Campeonato Baiano de 2009 e encerra o ciclo no primeiro jogo em casa do Baiano de 2013. Como cantou Roberto Carlos: “Só me resta agora dizer adeus e depois o meu caminho seguir”.
Reconstrução às pressas e inauguração em 2009
Construído inicialmente em 1979, Pituaçu só se tornou efetivamente a casa do Bahia 30 anos depois. O estádio passou por uma reforma emergencial, que incluiu ampliação, após a interdição da Fonte Nova, causada pelo acidente que matou sete pessoas.
Depois de um ano em obras, a reinauguração, no dia 25 de janeiro de 2009, com direito a presença do governador do estado, chuva de pétalas de rosas despejadas por um helicóptero e apresentação de ginástica rítmica. Com a bola rolando, o Bahia iniciou a relação com o estádio com o pé direito.
Diante do Ipitanga, uma vitória tranquila por 4 a 0. Coube ao volante Élton o feito de marcar o primeiro gol da nova praça esportiva. Aos 35 minutos do primeiro tempo, ele pegou rebote da zaga, dominou na coxa e, sem deixar cair, chutou forte da entrada da área. Um golaço para ficar na história.
A relação do Bahia com Pituaçu se estreitou ao longo do ano. Foi o estádio que fez o torcedor se sentir mais próximo do clube. No ano anterior à inauguração, sem um estádio na capital, o Tricolor alternou entre o Armando Oliveira, na cidade de Camaçari, e o Joia da Princesa, em Feira de Santana.
Retorno à Série A e fim de jejum
A possibilidade de voltar a mandar os jogos em Salvador não foi o suficiente para ajudar o Bahia a retornar à Primeira Divisão em 2009. Mas, no ano seguinte, após sete longos anos de espera, o torcedor pôde, enfim, voltar a dizer que o clube era de elite. E a festa, como não poderia deixar de ser, teve Pituaçu como palco principal.