Jovens de Cleveland teriam sofrido estupros e abortos durante cativeiro

Por Redação
9 Min
Amanda Marie Berry (esq.) e Georgina Lynn Dejesus em fotografia de quando tinham, respectivamente, 16 e 14 anos. As duas, que desapareceram ainda na adolescência, há pelo menos dez anos, foram encontradas vivas no Estado americano de Ohio, informou a polícia dos EUA. Também foi encontrada uma terceira mulher, Michele Knight, de 32 anos
Amanda Marie Berry (esq.) e Georgina Lynn Dejesus em fotografia de quando tinham, respectivamente, 16 e 14 anos. As duas, que desapareceram ainda na adolescência, há pelo menos dez anos, foram encontradas vivas no Estado americano de Ohio, informou a polícia dos EUA. Também foi encontrada uma terceira mulher, Michele Knight, de 32 anos

As três jovens desaparecidas e que foram encontradas nesta segunda-feira em uma casa de Cleveland (Ohio) teriam ficado grávidas e abortado várias vezes durante seu cativeiro em virtude dos estupros e golpes dos sequestradores, disseram nesta terça-feira fontes policiais próximas à investigação a meios de comunicação locais.

Segundo o canal de televisão local “WKYC-TV” de Cleveland, que citou fontes policiais, as jovens Amanda Berry, Gina DeJesus e Michelle Knight teriam engravidado “múltiplas” vezes. Embora não tenha sido informado um número exato, alguns meios de comunicação falam em até cinco vezes.

Além disso, os investigadores estão revisando o pátio traseiro da casa, onde observaram “terra removida”. Hoje a polícia também confirmou que na casa vivia uma menina de seis anos, filha de Berry, mas não está claro se o caso se inclui entre estas gravidezes.

Por enquanto, a polícia interroga três irmãos por sua relação com as três desaparições diferentes ocorridas entre 11 e 9 anos atrás. Trata-se de Ariel Castro, o principal suspeito e proprietário da casa, de 52 anos, que foi detido junto com dois de seus irmãos, Pedro Castro, de 54, e Oneil, de 50, mas ainda se preparam as acusações que serão apresentadas contra eles.

Amanda Berry, desaparecida em 2003, um dia antes de seu 17º aniversário, conseguiu pedir auxílio nesta segunda-feira depois de uma distração de seus sequestradores. Ela explicou aos que a libertaram que na casa havia mais pessoas reclusas contra sua vontade: Gina DeJesus, desaparecida em 2004 com 14 anos, e Michelle Knight, cujo rastro foi perdido em 2002, quando tinha 20.

O prefeito de Cleveland, Frank Jackson, disse em entrevista coletiva que as autoridades têm “muitas perguntas sem resposta”, como as razões pelas quais as três jovens foram sequestradas e, principalmente, por que os moradores não perceberam que havia três pessoas reclusas nessa casa durante tanto tempo.

 

Sequestrada liga para polícia

Em entrevista coletiva hoje, a polícia e os investigadores disseram que estão começando a desvendar lentamente os acontecimentos que levaram à fuga das mulheres depois de uma delas, Amanda Berry, arrombar a portar da frente da casa de Seymour Avenue e sair com ajuda do vizinho Charles Ramsey que ouviu seus pedidos de socorro, enquanto Castro estava ausente.

“Me ajuda! Sou Amanda Berry… Fui sequestrada e estou desaparecida há dez anos. E estou aqui, estou livre agora”, disse Berry, 26, em telefonema ao serviço de emergência dos EUA. A gravação foi liberada pela polícia e divulgada na internet.

Ramsey disse a jornalistas que Castro era conhecido por ‘nada excepcional até hoje’ e disse que já havia participado de um churrasco na casa dele, embora não tivesse entrado na casa.

“Nós vemos esse cara todos os dias. Estive aqui [na casa] há um ano. Eu fiz churrasco com esse cara. Nós comemos costelas e ouvimos salsa”, disse Ramsey.

Berry havia sido vista pela última vez deixando seu emprego em uma lanchonete, na véspera de completar 17 anos, em abril de 2003. As duas mulheres encontradas com ela foram identificadas pelas autoridades como Gina de Jesus, 23, que desapareceu no trajeto da escola para casa, em 2004, aos 14 anos, e Michelle Knight, que tinha 18 ou 19 anos ao desaparecer em 2002.

Segundo a polícia de Cleveland, uma menina de seis anos resgatada da casa é filha de Amanda Berry com um dos sequestradores.

Gerald Maloney, um médico que atendeu as três mulheres, afirmou que elas estão bem, mas continuam sendo examinadas. “Este não é o final que normalmente escutamos neste tipo de história. E estamos muito felizes por elas”, disse ele aos jornalistas.

O prefeito de Cleveland, Frank Jackson, ficou “agradecido pelo fato de estas três jovens estarem com vida”. “Temos muitas perguntas sem resposta sobre este caso, e a investigação continua”, afirmou ele em um comunicado.

O agente do FBI — polícia federal dos EUA– Stephen Anthony disse nesta terça-feira que o “pesadelo acabou”.

“Tenha certeza de que o FBI vai usar todos os recursos para trazer o peso da Justiça para os responsáveis por este caso horrível”, disse ele. “Para a família de Amanda, de Gina, de Michelle, as orações foram finalmente respondidas. O pesadelo finalmente acabou … A cura pode finalmente começar.”, disse.

O cativeiro fica próximo dos lugares onde as moças foram vistas pela última vez, e a polícia acredita que elas passaram o tempo todo dentro da casa. As circunstâncias dos aparentes sequestros e cativeiros continuam obscuras.

Durante a ligação para o serviço de emergência, Berry citou o nome do suposto sequestrador, disse que ele havia saído de casa e pediu à polícia que aparecesse logo, antes que o homem voltasse. Ela deu a entender que sabia da repercussão na mídia que seu desaparecimento teve anos atrás.

O vizinho que a ajudou, Charles Ramsey, disse que auxiliou Berry a arrombar a porta e que ela saiu da casa com “uma menininha”. As autoridades, porém, não deram informações sobre a criança.

Tampouco há informações sobre uma quarta menina desaparecida, Ashley Summers, que sumiu no mesmo bairro em julho de 2007, aos 14 anos, num caso investigado por suas possíveis ligações com os de Berry e De Jesus, segundo o site do Projeto Charley, que documenta mais de 9.000 casos de pessoas desaparecidas.

Segundo Martin Flask, Diretor do Núcleo de Segurança de Cleveland, a polícia chegou a ir a casa onde as meninas estavam por duas vezes ao longo dos dez anos: em 2000 e 2004. Em março de 2000, Castro teve de responder a polícia por uma briga de rua. E, em 2004, ele teve novamente que receber policiais depois de ter esquecido uma criança no ônibus escolar que dirigia, mas a investigação concluiu que não houve intenção criminal.

Suspeito seria ‘amigável’

Polícia de Cleveland divulga fotos de Ariel, Onil e Pedro Castro, acusados de sequestrar e manter em cativeiro três mulheres na cidade do Estado de Ohio (EUA), por dez anos Leia mais Departamento de Polícia de Cleveland/Reuters
Polícia de Cleveland divulga fotos de Ariel, Onil e Pedro Castro, acusados de sequestrar e manter em cativeiro três mulheres na cidade do Estado de Ohio (EUA), por dez anos Leia mais Departamento de Polícia de Cleveland/Reuters

Charliez Czorb, vizinha do suposto sequestrador, se disse surpresa com o tempo que as três jovens passaram no cativeiro sem que ninguém percebesse. “Estavam no nosso quintal. Estas meninas estavam presas em nosso quintal”.

Ariel Castro foi descrito pelos vizinhos como um amigável motorista de ônibus e músico. Também afirmaram que geralmente deixavam as filhas brincar com seus netos. (Com Toronto Sun e agências Internacionais)

amanda berry
Amanda Berry (centro) com sua filha (direita) e sua irmã. | Foto: Reprodução Internet

As informações são da EFE

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