O Vale dos Barris, em Salvador, se transformou em campo de guerra no sábado (22) quando um grupo de manifestantes tentou se aproximar da Arena Fonte Nova onde acontecia o jogo entre Brasil e Itália pela Copa das Confederações. O grupo, formado por aproximadamente 2 mil pessoas, tinha saído do Campo Grande em direção ao Iguatemi, mas decidiu mudar o itinerário definido pelos manifestantes em reunião no dia anterior. Os manifestantes, nos primeiros momentos nos Barris, apelaram pela não violência. “Nosso objetivo é outro. Não é quebrando a cidade que vamos resolver alguma coisa. Isso só piora”, disse o garçom Anatanailson Reis, 25 anos.
Ele acrescentou que a ação da polícia durante os protestos provocou reações: “Quem apanha quer bater, né?”.Os manifestantes levaram faixas e desceram o Politeama em direção aos Barris. Em frente à Cortina de Carybé, o bloqueio estava montado pela PM, assim como na quinta-feira (20) quando também houve confronto no local.
Os manifestantes permaneceram parados em frente à barreira, aos gritos de “Vem pra rua”. Outros diziam abrir mão da Copa e cobravam saúde e educação. Ao lado de uma quadra de futebol, um grupo formou uma roda de capoeira. Mas a paz não durou muito tempo. Cerca de 30 minutos depois, alguns manifestantes soltaram rojões em frente à barreira e, com a chegada da Tropa de Choque, o grupo foi disperso com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Dois contêineres de lixo foram incendiados no Vale dos Barris, na tentativa de montar uma barricada que evitasse o avanço da tropa da polícia.
Alguns manifestantes revidaram com pedras atiradas em direção à polícia, mas vândalos aproveitaram para apedrejar pontos de ônibus, carros no estacionamento São Raimundo, vidros da Polinter, além de incendiar um toldo e quebrar grades do estacionamento.
Em menos de 20 minutos, a tropa avançou até a entrada do estacionamento e dispersou a multidão. Um grupo de cinco rapazes pichou paredes e ateou fogo em um micro-ônibus embaixo do Viaduto do Politeama. No Campo Grande, um grupo decidiu seguir para a Avenida Garibaldi pelo Garcia, mas os cerca de 100 manifestantes também foram recebidos com gás quando estavam na pista. “Dois amigos meus foram atingidos por balas de borracha e, na correria, um deles torceu o pé”, disse o sociólogo Breno Andrade, 25 anos.
Correio 24h