Segundo a polícia, no momento das imagens Marcelo já tinha matado os pais, a avó e uma tia-avó
Familiares do casal de PMs e do adolescente Marcelo Pesseghini, de 13 anos, se surpreenderam com as imagens que mostram o garoto estacionando o carro da mãe, a cabo da PM Andreia Regina Bovo Pesseghini, em frente à escola onde ele estudava.
As imagens reforçam a hipótese levantada pela Polícia Militar de que Marcelo foi à escola após matar a mãe, o pai, sargento da Rondas Ostensivas Robias de Aguiar (Rota), Luís Marcelo Pesseghini, na casa da família, na zona norte de São Paulo, antes de se suicidar na manhã de segunda-feira (5). A mãe da policial, Benedita de Oliveira Bovo, 65, e tia de Andreia, Bernadete Oliveira da Silva, 55, também foram mortas.
“Estou surpreendido. Não esperava uma coisas destas. Se está mostrando no vídeo, infelizmente foi ele”, disse ao G1 São Paulo o empresário Sebastião de Oliveira Costa, tio de Andréia Regina Bovo Pesseghini, mãe do garoto.
Alguns familiares, porém, levantaram a hipótese de que a cena pode ter sido armada pelo autor do crime.
Um colega de escola de Marcelo disse em depoimento à polícia que o amigo havia dito a ele que planejava matar os pais. A informação foi passada à imprensa durante coletiva pelo delegado titular do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, Itagiba Franco.
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O carro da PM Andreia, um Corsa, foi encontrado perto da escola de Marcelo. Câmeras da unidade de ensino mostram uma pessoa estacionando o veículo por volta da 1h15 e saindo do carro somente às 6h30, indo para o colégio. A polícia acredita que esta pessoa, que não é possível ver nitidamente nas imagens, seja Marcelo, já depois de ter matado os pais, a avó e a tia-avó. O delegado acrescentou que amigo do menino o reconheceu nestas imagens.
Uma professora de Marcelo disse à polícia que ontem, durante as aulas, Marcelo perguntou se ela já havia dirigido carro alguma vez quando era criança e se já teria atingido os pais. A chave do veículo foi encontrada no bolso de uma jaqueta do menino.
Na volta da escola, o garoto pegou carona com o pai do amigo, o mesmo que prestou depoimento hoje. No meio do caminho, viu o carro da mãe, pediu para descer, foi até o veículo e voltou. A polícia acha que Marcelo foi até o Corsa pegar uma arma .32, do avô, que depois foi encontrada em sua mochila. O pai do amigo o deixou em casa.
Tragédia
Segundo o delegado, “tudo leva a crer” que o menino matou os familiares e depois se matou, mas as investigações ainda não foram encerradas. “Nossa presunção inicial parece que está se confirmado, e tudo leva a crer que o garoto matou os pais e se suicidou.”
A pistola .40, de uso da PM, que pertencia à mãe de Marcelo, foi a arma usada nas cinco mortes. A arma foi encontrada embaixo do abdômen do garoto, em sua mão esquerda. O delegado disse que a polícia confirmou com certeza que Marcelo era canhoto.
Segundo o delegado, o pai, a avó e a tia-avó de Marcelo foram encontrados de bruços, em posição de quem dormia quando foram mortos. Já a mãe estava de joelhos, em posição de submissão, com os braços em frente à cabeça, o que sugere que estava acordada quando foi morta.
“Isso já nos chamou a atenção porque não é usual”, explicou o delegado. Para Franco, se o crime fosse encomendado, aconteceria alguma briga e talvez até troca de tiros na casa. “Não foi isso que evidenciamos. Houve ali alguma coisa muito particular, muito familiar.”
A perícia já coletou sangue das vítimas para saber se elas foram sedadas e o resultado deve sair em até 30 dias.
Violência
No quarto de Marcelo, a polícia encontrou muitas armas de brinquedos, um coldre de ombro feito de papelão, que imita um utilizado pela Tropa de Choque. Em uma rede social, o garoto usava o perfil a imagem do protagonista da série de videogames chamada Assassin’s Creed. “Inconscientemente ele já vinha desejando essa atração por armas”, diz o delegado.
Marcelo tinha diabetes e fibrose cística, uma doença genética ainda sem cura, mas que se tratada precocemente permite que a pessoa leve uma vida normal. A polícia disse que a doença não foi relacionada à motivação dos crimes.
Os corpos foram velados no cemitério Gethsêmani, em Anhanguera. Com exceção do corpo da tia de Andreia, seputado no mesmo cemitério, todos foram enterrados em Rio Claro, no interior paulista.
Vídeo flagra garoto
Uma câmera de segurança flagrou o momento em que o menino Marcelo Pesseghini, 13 anos, caminha em direção à escola onde estudava, na Zona Norte de São Paulo, na manhã da segunda-feira (5). Segundo a polícia, que divulgou as imagens nesta terça-feira (6), no momento das imagens Marcelo já tinha matado os pais, a avó e uma tia-avó. O garoto se matou no mesmo dia.
Veja o vídeo