Lateral Railan dá lugar a torcedor do Tricolor, que veste o uniforme com orgulho e anima a galera durante partida contra o Vasco pela Série A
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É um pássaro, um avião? Não, é o Super-Homem do Bahia. Mascote que no último domingo também atendia pelo nome de Marcos Carneiro. Torcedor apaixonado pelo Tricolor, ele se ofereceu para vestir a fantasia na partida contra o Vasco, realizada na Arena Fonte Nova. O confronto marcou o retorno das crianças ao gramado nos jogos do Esquadrão e também a primeira aparição no estádio do super-homem, herói de adultos, crianças e especialmente de cada um dos torcedores que costumam colorir as arquibancadas do estádio de azul, vermelho e branco.
A oportunidade de vestir a fantasia surgiu de uma conversa informal com o jornalista Nelson Barros Neto, que é amigo de Marcos Carneiro e atualmente ocupa a gerência de comunicação do Bahia.
– O Railan, que é lateral da base, é quem vestia a fantasia. Mas ele estava escalado para jogar a partida preliminar do jogo entre Bahia e Vasco e não poderia ser o mascote. Estava conversando com o Nelson, e ele me disse que queria resgatar essa ação. Foi aí que me ofereci para fazer – contou Marcos.
Na prova da fantasia, o destino deu uma “mãozinha”. A fantasia é pequena e somente uma pessoa baixinha como Railan, e Marcos, poderiam ocupar o papel de super-homem do Bahia.
– A limitação era caber na fantasia. Fui testar e deu tudo certo. O Railan é baixinho, meu tamanho é parecido, ajudou. Foi muito legal – destacou.
Antes de partir para o campo, contudo, o super-homem precisou passar por uma pequena reforma. A fantasia do mascote tricolor estava suja e com alguns problemas, já que pouco foi utilizada este ano. Nada, no entanto, que uma lavanderia e pequenos ajustes de uma hábil costureira não pudessem consertar.
Experiência incrível
Pular de paraquedas com a camisa do Bahia, viajar para várias partes do mundo levando o manto tricolor a tira colo e até saltar de bungee jumping devidamente trajado de azul, vermelho e branco. Tudo isso Marcos Carneiro já fez para declarar o amor pelo Bahia. Entretanto, se vestir de super-homem tem um lugar especial no coração do torcedor, que nunca sonhou em ter a honra de ser o mascote do clube.
– Nunca imaginei que poderia ser o mascote do Bahia. Não achei que teria esta oportunidade. Já tinha pulado de paraquedas com a camisa do Bahia, de asa delta, bungee jumping, viajei para vários lugares com a camisa na bagagem, participei do filme sobre a história do clube e tenho um blog que fala sobre o Bahia. Mas cada coisa tem a sua emoção. O simbolismo de entrar em campo como super-homem é muito grande. Foi muito legal. Eu literalmente me senti um herói para toda aquela torcida da Fonte Nova – declarou.
O assédio foi imediato. A cada pequena sequência de passos pelos arredores da Fonte Nova, Marcos, ou melhor, o super-homem, era parado por crianças e adultos em busca de fotos para deixar o momento marcado.
(Foto: Will Vieira/Acervo pessoal)
– Acho que nunca tirei tantas fotos em minha vida. Tinha hora que eu não sabia quem estava mais empolgado, se eram as crianças ou os adultos. O mascote é muito simpático. Quando tocou a música e entrei no campo, foi sensacional. Ver a emoção, a festa da torcida é uma experiência muito legal – disse.
Recomendações e timidez
Para se vestir de super-homem e interagir com a torcida, Marcos Carneiro precisou vencer um grande adversário. O torcedor foi obrigado a superar a timidez para reviver o carisma do personagem tricolor.
– Sou muito tímido, mas a máscara ajudou nisso. Teve momentos em que parava do lado de pessoas que eu conheço, mas elas não me reconheciam. Me senti muito à vontade para brincar – comentou.
Marcos, no entanto, recebeu algumas recomendações para ter direito a se vestir de mascote do Bahia. Entre elas, a de ser mais contido que Railan, lateral que transformou o super-homem em uma personagem de momentos únicos.
– O Railan é muito perturbado. Lembro de um episódio que ele deu um “pedala” [tapa na cabeça] do Luís Fabiano, do São Paulo (risos). Falaram que eu não poderia fazer isso. Poderia brincar, interagir com o torcedor, mas de forma mais contida. A Fonte Nova tem algumas limitações no gramado também. Brinquei mais nos bastidores – contou.
Mesmo com as limitações, Marcos conseguiu fazer a alegria do torcedor e até imitar a pose de um dos atletas mais famosos do mundo.
– Consegui fazer a pose do Usain Bolt. Foi muito legal. Ele é um dos maiores atletas da atualidade. A torcida respondeu bem. Foi engraçado – afirmou.
Muito bom, mas dose única
A experiência de vestir a fantasia de super-homem está marcada na memória de Marcos Carneiro, mas não deve se repetir em outras ocasiões. O torcedor não tem planos de voltar a ser mascote, apesar da emoção em se vestir de símbolo do Bahia.
– Foi só um jogo. Tem que ser atleta para se vestir daquele jeito. A fantasia é muito quente. Estava de camisa por baixo da fantasia e ela ficou ensopada. É complicado andar também. As botas são grandes demais (risos). Era muito difícil caminhar pelo campo – disse.
A saudade aparece no tom de voz de Marcos, um Clark Kent tricolor cheio de orgulho por ter sido o super-homem. De aço, igual ao Esquadrão, o coração do torcedor se enche de orgulho ao falar da experiência. Não foi um pássaro. Não foi um avião. Foi Marcos Carneiro, que por um dia foi mascote e reavivou na torcida o sentimento de um herói que parece ter voltado, dessa vez, para ficar.