O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (18) que os condenados presos pelo julgamento do mensalão tenham direito a cumprir a pena em regime semiaberto. Lula falou brevemente com a imprensa ao deixar uma conferência sobre igualdade racial da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo. Ao ser perguntado se visitaria os petistas presos, como o ex-ministro José Dirceu, homem forte de seu governo, e o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-presidente disse aguardar o cumprimento da lei. “Eu estou aguardando que a lei seja cumprida e quem sabe eles fiquem em regime semiaberto”, disse.
De acordo com matéria do jornal Folha de São Paulo, Lula elogiou a nota divulgada pelo PT na sexta-feira passada (15), depois que Genoino e Dirceu se entregaram à Polícia Federal em São Paulo. No texto, o presidente do partido, Rui Falcão, afirmava que a prisão antes da análise dos embargos infringentes “constitui casuísmo jurídico e fere o princípio da ampla defesa”. “Acho que o PT soltou uma nota que condiz com a realidade do momento. Nós temos os embargos infringentes a serem votados, vamos aguardar para ver o que vai acontecer”, disse Lula, que também voltou a declarar que não faz “julgamentos das decisões da Suprema Corte”.
Ele já havia dito que não comentaria a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de determinar o cumprimento imediato das penas de prisão na última quinta (14), após se reunir com a presidente Dilma Rousseff em Brasília. Nesta segunda, ele afirmou mais uma vez que pretende dizer tudo o que pensa do julgamento somente ao final do processo. “Eu tô dizendo para vocês há muito tempo que eu vou esperar o julgamento total, que eu tenho muita coisa a comentar e eu gostaria de falar sobre o assunto.” O petista não quis comentar a fuga do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato para a Itália (“Ah, não sei. Não achei nada”, respondeu) e disse não ter telefonado aos correligionários presos, mas afirmou que conversou com o advogado de José Genoino. “Mas se ele quiser, ele fala com vocês depois.”
Durante a conferência sobre igualdade racial, o petista enfrentou uma pequena saia-justa. O reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, enumerou ações do governo Lula de afirmação para a raça negra e destacou que ele nomeou o primeiro ministro negro do Supremo –justamente Joaquim Barbosa, que foi o relator do julgamento do mensalão e expediu os mandados de prisão dos condenados. Lula demorou a aplaudir e só acompanhou quando integrantes da plateia começaram a bater palmas.