Propaganda eleitoral | FOTO: Lindomar Cruz/Agência Senado |
O tempo de propaganda eleitoral dos pleitos realizados no país é calculado com base na quantidade de deputados federais no Congresso Nacional. Cada deputado detêm aproximadamente 2,34 segundos de tempo de mídia, considerando que o horário eleitoral gratuito tem 30 minutos, com 20 deles direcionados para os 513 parlamentares na Câmara Federal.
Já os outros 10 são divididos igualmente para a quantidade de candidatos nas majoritárias para governo e presidência. No caso da Bahia, se o cenário for confirmado, o eleitor terá a possibilidade de assistir e estudar as propostas de quatro candidatos ao governo: Rui Costa (PT), Paulo Souto (DEM) ou Geddel (PMDB), Lídice da Mata (PSB) e Marcos Mendes (PSol). Entretanto, a movimentação de bastidores para aglutinar maior quantidade de legendas que tenham bancadas consideráveis no Congresso é fundamental para ter maior tempo de propaganda eleitoral. No senso comum, isso poderia ser algo imperceptível para quem assiste, mas não é bem assim.
Os responsáveis pelas articulações das coligações estão em franco debate para obter os apoios dos partidos menores para além de somar mais tempo ter uma gama maior de projetos e de alcance eleitoral. É o que acredita, por exemplo, o deputado Álvaro Gomes (PCdoB), em contato com a Tribuna. “O tempo de tevê é reflexo da base real de apoio que cada coligação tem. Então, se eu tenho um tempo maior de televisão, é porque eu tenho uma maior representatividade, do ponto de vista institucional. Se um partido sai com um candidato, e ele não consegue aglutinar mais nenhuma força, isso significa, do ponto de vista da representatividade social, uma lacuna, uma dificuldade grande desse partido que ele não conseguiu aglutinar outras forças”, pontua.
No caso da coligação trabalhada pelo PT, partido que encabeça a chapa de sucessão ao governador Jaques Wagner, o tempo de propaganda contando os 2 minutos e 30 segundos proporcionais para cada chapa majoritária pode chegar a mais de 13 minutos de tempo de mídia. Os partidos que estão na base do governo, conforme textos enviados pela assessoria do pré-candidato Rui Costa são PSD, PCdoB, PDT, PP, PR, PRB (que também aparece na base da oposição com o tempo de 26 segundos e por isso não entrou na conta), PSL, PTB e SDD (Solidariedade). Outros partidos ainda podem declarar apoio ao projeto petista e somar ainda mais tempo.
Deputados querem mais partidos na oposição
No caso da oposição direta ao governo de Jaques Wagner e ao projeto do PT em curso na Bahia, atualmente com o DEM, PMDB, PSDB, PTN, PROS, e agora, segundo informa o deputado estadual Bruno Reis, com o PV e o PPS, somam até então 7 minutos e 6 segundos mais os 2’30’’ da divisão dos 10 minutos das majoritárias, chegam a 9’36’’.
Bruno Reis diz ainda que outros partidos podem declarar apoio ao projeto oposicionista, como o PHS, que fechou apoio ao PMDB. No caso do PPS, que estaria com o PSB na chapa de Lídice de Mata também entra na cota do deputado. “Podem ir para a oposição ainda o PSC e o PRP. Aí tem os menores PRB, PTdoB, PRTB, que a tendência é de virem para a oposição. Além de PTC, PSTC, PMN, PSDC, PEN e o PHS. [Este último] já está fechado com Geddel”, completa Bruno.
A coligação de Lídice da Mata se confirma apenas o PSB que soma 58 segundos de tempo na mídia mais os 2’30’’ da divisão dos 10 minutos da majoritária, chega a 3’28’’. Já a coligação PSTU, PSOL e PCB que na soma nacional detêm apenas 14 segundos de tempo de mídia, mais os 2’30’’ da divisão alcança a marca de 2’44’’.
A diferença de tempo de mídia para a exibição do programa de governo e dos candidatos entre as coligações da situação e a da oposição não preocupa o deputado estadual Elmar Nascimento (DEM), ele rebate que não há uma discrepância de tempo e que isso não prejudica a chapa de oposição. “Não dá essa diferença toda não. Na nossa conta dá um minuto e meio de diferença, só. Só na eleição de prefeito, que o PMDB não estava conosco e o PMDB é o segundo partido com maior tempo, o primeiro é o PT”, declara.
O peemedebista Bruno Reis ainda lembra que o candidato do PT para a prefeitura de Salvador, Nelson Pelegrino, tinha quase 15 minutos e Neto apenas 5’30’’, na última eleição. “Tem importância, mas é uma importância relativa. Mas nessa eleição não vai haver discrepância de tempo, eles vão ter uns 15 minutos e nós vamos ter 10 ou 11 minutos”, pontua.
Reis ainda lembra que houve uma divisão das oposições no primeiro turno da eleição passada, que fez com o que o tempo de Pelegrino se sobressaísse ao tempo de Mário Kertész e de ACM Neto. “Neto e Mário tiveram mais ou menos a mesma coisa, 5 minutos e pouco. Agora com a unidade das oposições, nós vamos ter aí um pouco menos que o PT. Então não será isso que será decisivo nas eleições. O problema com o tempo na eleição de prefeito, não será um problema para a eleição de governador”, finaliza.
Para Álvaro Gomes, se um partido, consegue aglutinar vários partidos, várias forças de diversos pontos de vista, isso por si só já significa uma base social forte e heterogênea. “Isso se reflete na representatividade real dos partidos que, por si só, faz com que o candidato saia na frente”.