O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece que não ficou nada satisfeito com as declarações de Dilma sobre a aprovação da compra da refinaria de Pasadena, no Estado americano do Texas, quando a presidente estava à frente do conselho de administração da empresa. Em conversas reservadas, as quais o jornal Folha de S. Paulo teve acesso, Lula criticou a estratégia de Dilma de jogar dúvidas sobre o embasamento técnico e jurídico apresentado para a compra da refinaria.
Na opinião de Lula, segundo a reportagem, Dilma agiu por impulso, na tentativa de tirar o foco das investigações sobre ela, temendo desgaste político em ano eleitoral, mas acabou abrindo espaço para ataque da oposição.
O efeito foi um "tiro no pé" da presidente, porque trouxe para o Planalto uma crise que, até então, estava dentro da Petrobras e pode ser usado agora por opositores para jogar a petista na defensiva. Na última quinta-feira, o senador e pré-candidato à presidência da República, Aécio Neves (PSDB) pediu CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras para apurar a compra, enquanto a outro pré-candidato à Presidência, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) criticou em seus perfis nas redes sociais as supostas irregularidades na compra da refinaria e disse que o Brasil está perplexo diante das últimas notícias veiculadas sobre a Petrobras.
Na tentativa de justificar o voto a favor na compra da refinaria, em 2006, Dilma disse na última quarta-feira que aprovou a operação com base em um parecer "técnico e juridicamente falho" por não conter a informação de cláusulas que, se soubesse de sua existência, não seriam aprovadas por ela.
Na véspera, no entanto, o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, contradisse Dilma e afirmou ao jornal O Globo que a cláusula que obrigou a estatal a comprar por um valor alto a refinaria é comum em aquisições de empresas. No total, o negócio custou US$ 1,18 bilhão à empresa brasileira, valor quase 27 vezes superior ao que a Astral Oil, dona anterior da refinaria, pagou em 2005.
Apesar das críticas nos bastidores, o PT definiu como estratégia blindar a presidente publicamente. De acordo com a Folha, em reunião da Executiva do partido ontem em Brasília foi aprovada resolução em defesa da Petrobras, mas sem citar Dilma.