Via crucis. É mais ou menos assim, seguindo o caminho da cruz, que muitos usuários se sentem quando se dão conta que precisam recarregar o Salvador Card. Se a necessidade do usuário for tirar uma nova via do cartão, a situação piora ainda mais, dando dor de cabeça a quem depende do serviço para utilizar o sistema de transporte na capital baiana. Filas, poucos postos de recarga e inacessibilidade são algumas das principais reclamações dos usuários do Salvador Card, que surgiu como Smart Card ainda na gestão da prefeita Lídice da Mata (1993-1996).
O estudante Carl Brusell mostrou-se indignado ao tentar marcar uma data para fazer a segunda via do seu Salvador Card. “O usuário sofre demais com isso. Perdi meu cartão, só consegui agendar pra tirar uma segunda via pra três meses depois. Eu não preciso, mas imagina se fosse um estudante carente… Além do que, só pode fazer isso no posto do Comércio. O cara mora em Stella Maris, tem que ir até o Comércio tirar a segunda via. É brincadeira”, queixou-se, lamentando o fato do cartão só poder ser recarregado presencialmente e em pouquíssimos pontos.
Tanto o estudante quanto o usuário do bilhete avulso estão condicionados a se deslocarem a apenas três locais para efetuar a recarga. O Salvador Card dispõe de postos no Iguatemi, na Estação da Lapa e no Comércio. Para obter a primeira ou a segunda via do cartão, o estudante deve pagar o valor de R$ 33,60, que equivale a 12 passagens. Já o usuário do bilhete avulso tem a vantagem de poder adquirir o cartão em outros postos autorizados espalhados pela capital, ao custo de R$ 5,60, ou seja, duas passagens vigentes.
A estudante Ana Santos também reclama da dificuldade para recarregar o cartão. “É complicado demais para qualquer pessoa. Os postos se concentram em poucas regiões da cidade e muitas vezes a pessoa não tem tempo de ir até o local para fazer a recarga. Eles deviam repensar essa forma de recarregar o Salvador Card. Em outros estados do Brasil o sistema funciona de maneira rápida e integrada”, contou.
São Paulo é exemplo a ser seguido
Ao menos em São Paulo, cidade que o Metro1 pegou como referência para comparar com Salvador, a realidade é totalmente diferente. Por lá, o chamado “Bilhete Único” dá direito a integração com ônibus, trens e metrô. A diferença já começa pelo valor do cartão — no caso, da segunda via –, que custa R$ 21, equivalente a sete passagens — R$ 3 cada — na capital paulista. Quando o assunto é recarregar, o sistema paulistano dá um banho no soteropolitano. É possível adquirir créditos pela própria internet, através da Loja Virtual ou, logicamente, nos postos autorizados, casas lotéricas e demais estabelecimentos. Outro ponto interessante é que é possível fazer até quatro viagens no período de três horas pagando apenas uma tarifa, sendo que estudante paga R$ 1,50.
Horário mudou por força de Lei
Desde setembro de 2011, quando um Projeto de Lei da vereadora Marta Rodrigues (PT) estendeu os horários de atendimento nos postos, o sistema não sofreu alteração. Antes, os postos do Salvador Card atendiam em horário reduzido, complicando a vida de quem precisava faltar ou sair mais cedo do trabalho para efetuar a recarga. Com a Lei, os postos passaram a atender de segunda a sexta-feira, das 7h às 20h, e nos sábados, exceto no Comércio, das 8h às 15h. Antes, os postos funcionavam de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h, e nos sábados das 8h às 14h.
Cartão funcionará com digital
O Salvador Card iniciou a implantação de outra novidade, conforme Portaria da Secretaria de Transporte (Setin) nº 41/2012. Todos os estudantes integrados ao sistema devem cadastrar sua respectiva digital, pois a partir de 2013 os cartões só terão validade se a digital do dono do cartão for validada. Ainda não há informação específica de como os ônibus serão adaptados para a nova ferramenta, que tem o objetivo de evitar a utilização do cartão por terceiros. O sistema tem cadastrado gradativamente as digitais à medida que o usuário se dirige ao posto para recarregar o cartão. A expectativa é que até março de 2013, quando se encerra o período de revalidação, todos os usuários estejam com digitais cadastradas.
Metro1