Dados do Mapa da Violência de 2013 reforçam que os jovens são as principais vítimas de crimes violentos. O levantamento mostra que na faixa etária entre 15 e 24 anos foram registradas na Bahia 83 mortes por 100 mil habitantes em 2011.
Para diminuir estes índices, foi lançada ontem no Ministério Público do Estado da Bahia (em Nazaré) a campanha Conte até 10 nas Escolas, a ser implantada de imediato, mas de forma progressiva, em 300 escolas estaduais de Salvador e região metropolitana. A meta é mobilizar em torno de 200 mil alunos.
Lançada inicialmente em dezembro de 2013 no município de Lauro de Freitas, a ação chega a Salvador, Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila e Simões Filho. “A violência é um fenômeno cultural. No Brasil, isso é cada vez mais nítido. Não raramente, o jovem vive num ambiente de violência. Então, o objetivo da campanha é tentar interferir na cultura da violência, infelizmente presente no ambiente juvenil e no ambiente escolar”, diz o procurador-geral do MP-BA, Márcio Fahel.
Orientações
A campanha integra a Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), lançada nacionalmente em novembro de 2012 pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Alunos, professores e diretores receberão cartilhas que relacionam os temas dos planos de aula e sugerem roteiros para os docentes.
A cartilha será trabalhada nas disciplinas de filosofia e sociologia, segundo Eni Bastos, superintendente de Acompanhamento e Avaliação do Sistema Educacional da Secretaria da Educação do estado (SEC).
“São disciplinas cuja temática abordada está mais próxima do conteúdo trabalhado no projeto, que é a questão de valorização da vida e prevenção da violência”, afirma. “Só em Salvador, temos cerca de 270 escolas. Vamos mobilizar professores e gestores para que possam aderir à campanha”, disse.
O público-alvo são alunos do ensino médio. “É a faixa etária mais vulnerável”, diz a superintendente, lembrando que a duração dos conteúdos trabalhados é variável e dependerá da metodologia de cada professor. “Pode durar o ano inteiro, como pode terminar antes de o ano letivo acabar. Gestores e professores vão ter autonomia para decidir qual é a melhor forma de trabalhar”, salienta.
A promotora de justiça Maria Pilar Meneses, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Educação do MP-BA, ressalta que o público jovem não é apenas vítima, mas também autor de infrações e crimes.
“É necessário prevenção nas escolas, para que os adolescentes deem mais valor à vida, pratiquem a cultura da paz e tolerem mais o próximo”. Pilar disse que a campanha é fruto das reclamações constantes de professores e gestores sobre a violência praticada por alunos.
Diretora opina
“Qualquer iniciativa é sempre bem-vinda, mesmo que esta diminuição (da violência) seja mínima”, diz a diretora do Colégio Estadual Polivalente do Cabula VI, Lúcia Ferreira. Outra diretora (do Colégio Polivalente de Aratu, Simões Filho) diz: “O projeto chegou no momento certo. Professores e funcionários se sentem amedrontados e os alunos estão em situação de risco”. Ela disse que os problemas maiores acontecem nas áreas de entorno. “Muitas escolas estão em zonas de tráfico de drogas”, como é o caso da minha”, observa.Atarde