Reeleito com 40,5% dos votos válidos, o prefeito de Candeias, Sargento Francisco (PMDB), pode ter um destino semelhante à da antecessora, Maria Maia (PMDB), cassada antes de terminar o mandato.
Envolto numa série de polêmicas desde o registro da candidatura, quando subverteu uma recomendação da direção estadual do partido, e denunciado por uma série de irregularidades durante o curto espaço do período tampão, o peemedebista agora enfrenta uma investigação do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), além da ação ajuizada pelo PMDB, que aguarda tramitação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A crise na Prefeitura de Candeias voltou à imprensa após reportagem do grupo Metrópole, em que aparecem alegações de contratação de cerca de mil funcionários temporários pelo Executivo em pleno período eleitoral; contratação irregular da banda Aviões do Forró por meio da empresa WD Produções e Eventos; a dispensa de licitação em contratos de terceirização; e irregularidades no processo licitatório. Logo após assumir como prefeito – até então Sargento Francisco era presidente da Câmara de Vereadores –, um decreto declarou “situação de emergência administrativa”, com a contratação posterior de R$ 12,2 milhões em serviços com dispensa de licitação e inexibilidade.
Após denúncia, a contratação de funcionários temporários deve ser investigada in loco pelo TCM, que possui ainda outros seis indicativos de irregularidades na administração de Sargento Francisco.
Desde o momento em que se colocou como candidato à reeleição, Sargento Francisco se envolveu em polêmicas. A começar por uma denúncia formulada pela direção estadual do PMDB, que apresentou um documento supostamente assinado pelo prefeito estabelecendo uma troca de apoios com o PSDC, com cifras que ultrapassam a marca de R$ 150 mil em cargos, dinheiro em espécie e combustível.
À época, o presidente estadual da sigla, Lúcio Vieira Lima, encaminhou a documentação para o diretório nacional, que anulou a convenção que homologou a candidatura de Francisco, situação revertida em setembro por meio de liminar. De acordo com Vieira Lima, o processo continua em tramitação no TSE, “aguardando decisão”.
O peemedebista aponta que ainda existe um processo administrativo para analisar a expulsão do correligionário da legenda. “A comissão de ética ficou de analisar a situação, mas ele foi suspenso temporariamente. Essas denúncias podem resultar na cassação do prefeito, até pela pressão popular. Esses excessos que ele vem cometendo podem resultar na perda do mandato”, criticou Vieira Lima. Procurado pela reportagem, Sargento Francisco não foi localizado para comentar sobre o risco de perder o mandato.